Folha de S. Paulo


Entenda: quem paga a conta das buscas pelo avião?

Um mês depois que o voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu enquanto voava de Kuala Lumpur a Pequim, equipes de busca e resgate de vários países têm patrulhado áreas no sul do oceano Índico, a milhares de quilômetros de distância.

Aviões, navios e submarinos têm sido usados na operação. China, Austrália, Malásia, EUA, Reino Unido, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul têm contribuído na busca. Mas, quanto custa e quem é que paga essa conta?

A Malásia se recusou a fazer uma estimativa. O ministro dos Transportes interino, Hishamuddin Hussein, disse a jornalistas que o custo das buscas é " irrelevante" quando comparado à necessidade de dar consolo às famílias dos desaparecidos.

Mas a montagem de uma operação de busca nessa escala, e com esta duração, não sai barata. A conta, até agora, deve estar entre US$ 33 milhões e R$ 42 milhões (R$ 72,5 milhões a R$ 92,3 milhões), segundo Peter Roberts, pesquisador de energia do mar e estudos marítimos na Royal United Services Institute (Rusi).

Isto inclui o custo do combustível, peças de reposição, transporte de material e de pessoal - até mesmo os custos como o cancelamento de licenças podem pressionar a conta final.

'SENSO DE FRATERNIDADE'

A maioria dos custos será bancada pelos países que contribuíram com suas forças.

A Austrália, por exemplo, empregou um navio de reabastecimento marítimo, o HMAS Success, há duas semanas. O valor de operação chega a 550 mil dólares australianos por dia, segundo o Departamento de Defesa - assim, a conta já chega a US$ 7,2 milhões (R$ 15,8 milhões). E esse valor refere-se a um único navio.

O Departamento de Defesa dos EUA reservou US$ 4 milhões (R$ 8,8 milhões) para ajudar na operação: entre 8 e 24 de março, foram gastos US$ 3,2 milhões (R$ 7 milhões), disse um porta-voz a jornalistas em Washington.

O Reino Unido enviou um navio de buscas, o HMS Echo, que possui um equipamento de detecção submarina. O Ministério da Defesa britânico ainda não estipulou o custo da ajuda.

"A operação para localizar o voo MH370 está em andamento, assim como o trabalho de identificar plenamente os custos", disse o Ministério da Defesa à BBC em um comunicado.

No final, os custos de enviar o HMS Echo para as águas da costa da Austrália serão cobertos por fundos de contingência do Tesouro, disse Roberts. Os governos assumirão os custos dentro de seus orçamentos e aceitarão o fato.

O navio ficará por lá o tempo necessário, disse ele: "Marinheiros têm um senso muito forte de fraternidade: salvar vidas no mar é a coisa certa a fazer".

A operação de resgate mais cara da história da aviação foi à aeronave da Air France, que caiu no Atlântico em 2009 durante um voo entre Rio de Janeiro e Paris.

Após várias buscas ao longo de três anos, a conta final chegou a US$ 44 milhões (R$ 96,7 milhões).

Por enquanto, a Austrália se juntou à Malásia para minimizar o fator custo: o primeiro-ministro Tony Abbott prometeu "gastar o que for preciso para finalizar este trabalho".

Ele chamou de "um ato de cidadania internacional por parte da Austrália'', mas acrescentou: ''Em algum momento talvez seja preciso um acerto de contas.''


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