Folha de S. Paulo


Saiu no NP

Agricultor vira amigo de peru e muda o cardápio da ceia de Natal

Joel Silva - 22.dez.1998/Folhapress
O agricultor Calixto Rodrigues Neto e seu peru no bairro do Grajaú, na zona Sul de São paulo

"Nem toda véspera de Natal é uma data fúnebre pra peruzada. Às vezes, a ave pode até participar da ceia natalina."

E foi o que aconteceu no Natal de 1998, quando um agricultor de São Paulo resolveu poupar o peru de estimação da ceia natalina da família.

Intitulada "Meu Peru, Meu Amigo", a reportagem do jornalista Marcos Sergio Silva, publicada no "Notícias Populares" no Natal daquele ano, apresentou aos leitores a história de Calixto Rodrigues Neto, 46, um pequeno agricultor do bairro do Grajaú, na zona sul de São Paulo, que, de acordo com a manchete do jornal, tornou-se amigo do peru e cancelou a ceia sagrada.

Joel Silva - 22.dez.1998/Folhapress
O agricultor Calixto Rodrigues Neto e seu peru no bairro do Grajaú, na zona Sul de São Paulo

Calixto morava às margens da represa Billings e estava com a ave havia só dois meses, desde que a encontrou num brejo do Jardim Primavera, do outro lado da represa.

Em seu quintal, além do "peruzão amigo" e de uma perua, outros quatro peruzinhos compunham o grupo da espécie, tida como um dos cardápios símbolos nas ceias de Natal.

Mas o tempo do agricultor era também divido pela criação de vacas, cavalos, porcos e galinhas, uma tradição que vinha desde os tempos de infância, quando Calixto morava no município de Jaguaribe, no interior do Ceará.

Joel Silva - 22.dez.1998/Folhapress
O agricultor Calixto Rodrigues Neto e seu peru no bairro do Grajaú, na zona Sul de São Paulo

Desde que foi achado pelo agricultor, o peru passou a ganhar a simpatia de alguns vizinhos, que fizeram questão até de convidá-lo para participar de suas ceias natalinas. Calixto, porém, contou ao "Notícias Populares" que ele mesmo faria "um rango legal pro bichão" na data do nascimento de Jesus Cristo.

O carinho pelo peru parecia ser tão grande, que rolava até uma prosa entre o homem e o animal. "Cante pra ela aí, rapaz!", pediu Calixto ao peru durante a reportagem.

Contudo notou-se que a amizade entre o agricultor e o bicho não era insuspeita. Já que, segundo o agricultor, a sobrevivência ou não do animal no outro Natal, dependeria de sua produção durante o próximo ano.

"Não vou me desfazer dos bichos agora. Ainda mais do grandão, que é o meu reprodutor", contou ao jornal o agricultor. E completou: "Estou preparando a terra para uma churrascada. Mas o peru deste Natal a gente vai ter de pegar dos outros".


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