Folha de S. Paulo


SAIU NO NP

'NP' deseja Feliz Ano Novo com previsões certeiras e furadas

"E eis que mais um ano se vai, com seu acúmulo de tristezas e alegrias, seus sorrisos e lágrimas. Em torno de um berço enfeitado de esperanças, florido de estranhas corolas e de estrelas desconhecidas, estamos mais uma vez para receber o ano novo. Como será ele?"

A pergunta lançada pelo "Notícias Populares" foi repetida em algumas edições ao longo dos seus 40 anos de existência, quando o jornal publicou previsões para o ano que começava.

Para 1967, o "NP" previa um abalo em torno da investigação do assassinato do presidente dos EUA, John F. Kennedy, já nos primeiros meses do ano. E a previsão se consolidou com o dono de boate Jack Ruby. Então acusado de matar o assassino do presidente, Ruby morreu de câncer no pulmão em janeiro.

Em 1970, uma das previsões do jornal era a de que Pelé receberia a visita da cegonha, que traria mais uma linda menininha ao seu lar. Realmente a família do Rei do Futebol aumentou, mas, em vez de uma bebezinha, quem nasceu naquele ano foi Edinho, que mais tarde se tornaria goleiro do Santos.

"Salvador Allende - Cairá do governo do Chile" integrou as previsões astrológicas para o ano de 1973. Esta foi na mosca, já que o ex-presidente chileno foi deposto por um golpe de estado liderado pelo seu chefe das Forças Armadas, Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973.

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Reportagem em que astrólogo previa que Corinthians acabaria com o jejum de títulos em 1975
Reportagem em que astrólogo previa que Corinthians encerraria jejum de títulos em 1975

A previsão seguinte do "NP", porém, não se concretizou. Tratou-se do Corinthians, que, em 1977, seria campeão do Campeonato Paulista, mas que em 1975 ficou apenas na quarta colocação.

"Entre as previsões para 79, a morte de Idi Amin", ditador de Uganda, foi a notícia publicada em 2 de janeiro de 1979. A previsão só não se concretizou devido ao fato de Amin, após ser deposto em abril daquele ano, ter fugido do país.

Dez anos depois, foi vez de a então recém-eleita prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, receber uma boa nova das páginas do "NP": a mãe de santo Luiza Soares de Souza previu que ela seria presidente do Brasil. "Ela terá todas as chances em qualquer empresa política, desde que suba pela escadinha, de cargo em cargo", disse a mãe de santo, que, como podemos ver, não acertou.

Em seguida, uma previsão bem pessimista, a de que os brasileiros amargariam mais dez anos de pobreza e fome, foi feita pelo espírito do médico alemão Dr. Fritz e recebida, a pedido do "NP", pelo médium Carlos Eduardo Seixas no dia 10 de dezembro de 1991 e publicada na primeira edição do jornal de 1992.

As profecias do médico alemão versavam o seguinte: "O bolso do brasileiro será castigado por mais nove anos de inflação descontrolada"; "Dez anos seguidos de doenças terríveis deixarão o povo ainda mais fraco"; "A falta de comida matará milhões de pessoas"; "O atendimento nos hospitais públicos conseguirá ser pior que o atual". Em suma, tratavam-se de acontecimentos bastante óbvios para o cenário da época.

Para 1996, as previsões foram macabras para personalidades famosas e incluíam a morte do papa João Paulo 2º, problemas na garganta do cantor Roberto Carlos e até o bispo Edir Macedo perderia a TV Record. Nenhum desses fatos se concretizou naquele ano.

No século 20, programadores usavam dois dígitos para a posição do ano nos campos de data dos softwares. Sendo assim, acreditava-se que na virada de 1999 para 2000 os computadores poderiam enlouquecer, causando um colapso de grandes proporções. Este fenômeno ficou conhecido como o bug do milênio.

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Em 31 de dezembro de 1999, o 'NP' alertava sobre o bug do milênio
Em 31 de dezembro de 1999, o 'NP' alertava sobre o bug do milênio

Para o "Notícias Populares", o mundo poderia parar à meia-noite, por causa do bug, o bicho que deveria atacar computadores na virada do ano.

"Do 1000 passarás, mas a 2000 não chegarás." Esta frase do astrólogo Nostradamus ficou muito tempo sem explicação. Mas se descobriu que ela poderia estar relacionada ao bug do ano 2000.

Na entrada de seu último ano de circulação, em 2001, o "Notícias Populares" não publicou previsões e tampouco tinha pistas de que nem ele resistiria àquela temporada.

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A equipe do Banco de Dados Folha deseja a você, leitor, um Feliz 2018!


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