Folha de S. Paulo


SAIU NO NP

Viciado transforma pé de maconha em árvore de Natal e vai em cana

Andre Almenara - 8.dez.2014
Sarandi,PR,Brasil 08.12.2014 Policiais militares de Sarandi, na regiao norte do Parana, apreenderam na manha desta segunda-feira (8) um pa de maconha que estava sendo utilizado como arvore de Natal na casa de Alexandre dos Santos Souza, 20, conhecido como
Pé de maconha ornamentado para o Natal

O Natal está aí! E 25 de dezembro é a data oficial do feriado religioso que celebra o nascimento de Jesus Cristo, a figura central do cristianismo.

Para criar um clima especial neste período, as comemorações incluem a presença de diversos símbolos, como a árvore de Natal, o presépio e o Papai Noel.

Nas páginas do "Notícias Populares", porém, a celebração e a tradição natalina algumas vezes ganharam na data retratos de pobreza, violência e até humor.

Um dos exemplos foi a edição de 25 de dezembro de 1989, em que a árvore de Natal, normalmente representada por um pinheiro, rendeu manchete irônica no jornal: "Maconha era a árvore de Natal na casa do viciado".

A reportagem trouxe relatos de vizinhos de R.H., que afirmavam na época que o jovem, então com 20 anos, queria transformar um de seus pés de maconha em árvore de Natal.

Inconformado com o alto custo da maconha, o jovem decidiu plantar a erva no fundo do quintal de sua casa, no bairro dos Pimentas, em Guarulhos (Grande São Paulo).

Indignados, os vizinhos do rapaz resolveram denunciá-lo à polícia, que o prendeu no local do plantio. Na delegacia, R.H. alegou que não era traficante: "Eu não estava mais conseguindo sustentar meu vício. A maconha está cada vez mais cara. Por isso, resolvi fazer esta plantação".

No final da história, o rapaz acabou passando as festas de fim de ano na Cadeia Pública de Guarulhos.

Alex Ribeiro/Folhapress
Imagens do presépio depredado no viaduto do Chá, região central de São Paulo
Imagens do presépio depredado no viaduto do Chá, região central de São Paulo, em 1995

"CRENTES" QUEBRAM PRESÉPIO

Sem se importar com símbolos natalinos, testemunhas de Jeová quebraram um presépio em pleno viaduto do Chá, no centro de São Paulo.

Na reportagem "Crentes chutam o presépio", publicada em 1995, o "NP" noticiou que membros da denominação cristã Testemunhas de Jeová afirmaram que comemorar o nascimento de Cristo "era besteira".

"Sempre comemorei o Natal com toda a minha família. Eu montava a árvore de Natal e também o presépio, tinha comida e bebida na ceia. Mas, neste ano, eu não vou fazer nada, pois senti que tudo isso não tem necessidade. Hoje tenho certeza de que o Natal não existe, é apenas uma festa pagã", afirmou à época o funileiro Luís Gomes, 25, que se tornara Testemunha de Jeová.

Paulo de Tarso, 31, também se manifestou na ocasião: "Não comemoramos o nascimento de Cristo. Só lembramos a morte, na Páscoa. Jesus mandou comemorar a morte, que leva à vida eterna".

PAPAI NOEL CONTRAVENTOR

Ao longo de todo o período de circulação do "Notícias Populares", de 1963 a 2001, foram inúmeras as notícias natalinas, e o Papai Noel, o responsável pelos presentes das criancinhas, foi quem esteve mais presente nas páginas do jornal.

Em 1974, "58 Papais Noéis em cana" foi a manchete de Natal do "NP", que destoava da figura inspirada no bispo Nicolau, homem de bom coração que sempre ajudava os pobres ao deixar saquinhos com moedas próximas às chaminés das residências.

A história veio de Copenhague, e os protagonistas eram 58 profissionais do grupo dinamarquês "Solvogan" (carro do sol), nome de inspiração marxista.

Na ocasião, eles entraram em uma grande loja da cidade, vestiram roupas de Papai Noel, apoderaram-se de brinquedos e começaram a distribuí-los gratuitamente ao público. "Sirvam-se", gritavam eles aos transeuntes, diante das vendedoras das lojas. "Vocês são os produtores, e a vocês somente pertence a produção".

Os bons velhinhos dinamarqueses, porém, tiveram a atuação interrompida pela polícia, mas a ação não foi considerada "roubo", uma vez que os papais noéis se limitaram a distribuir a mercadoria sem se aproveitar de nenhum objeto de valor.

Outro Papai Noel que ficou famoso, não por deixar ou distribuir presentes, foi Domingos Sávio de Siqueira, 25, que acabou preso no momento em que assaltava a casa do juiz Arildo Barbos, em Campos do Jordão (SP).

Siqueira, inspirado no Papai Noel, decidira entrar na casa pela chaminé. Como resultado, ficou quatro horas entalado e acabou inspirando a manchete "Papai Noel assado na chaminé", publicada no "NP" em 1991.

Depois de queimar na brasa, gritou por ajuda e uma vizinha resolveu chamar a polícia. Contudo o Corpo de Bombeiros também precisou ser acionado e teve que quebrar a chaminé para tirar o ladrão. Siqueira foi direto para a delegacia de Campos do Jordão (SP).

JARDIM PAPAI NOEL

E como seria o Natal na terra batizada com o nome do bom velhinho? O "NP" tentou responder a essa pergunta em 2000, quando estampou na primeira página a manchete "Papai Noel está pobre e esquecido".

O texto não se tratava do "bom velhinho", mas sim de um bairro na zona sul da capital paulista. A reportagem trouxe a história do Jardim Papai Noel, na região de Parelheiros, onde a curtição de Natal, à época, era apenas um sonho para a maioria dos 1.500 habitantes do bairro.

Folhapress
Manchete de 25 de dezembro de 2000 tratava da dura realidade dos moradores do Jardim Papai Noel, na zona sul de São Paulo
Manchete de 25 de dezembro de 2000 tratava da dura realidade dos moradores do Jardim Papai Noel, na zona sul de São Paulo

Sem asfalto e luz nas ruas e com a água começando a chegar em algumas moradias, no Jardim Papai Noel, bairro criado em 1956, a ceia natalina e os presentes não eram a principal preocupação dos moradores. Lá uma roda velha era o único brinquedo, evidenciando que viver no Papai Noel era um grande desafio, fosse ou não o aniversário de Jesus Cristo.

Com a originalidade de sempre, o "NP" apresentou diferentes versões de Natal e expôs duras realidades, até de onde faltava o pão.


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