Folha de S. Paulo


Confira o que disseram os novos ministros do presidente interino Michel Temer no dia em que tomaram posse

O presidente interino Michel Temer (PMDB) anunciou na quinta-feira (12) um ministério composto em sua maioria por deputados federais e senadores. No mesmo dia, os novos ministros tomaram posse.

Dos indicados, 13 são congressistas. Isso representa 57% da nova formação da Esplanada, que agora terá 23 pastas (antes, eram 32). Foram contemplados deputados e senadores do PMDB (3), PSDB (2), PP (2), DEM, PPS, PV, PTB, PR e PSB.

Confira o que disseram alguns dos novos ministros no dia em que tomaram posse.

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Henrique Meirelles, ministro da Fazenda

Ueslei Marcelino/Reuters
Newly sworn-in Finance Minister Henrique Meirelles gestures next to Brazil's interim President Michel Temer (partially obscured) during a ceremony, after the Brazilian Senate voted to impeach President Dilma Rousseff, at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil, May 12, 2016. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: CDG49
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD-SP), disse apenas estar preparado para enfrentar os problemas, após ser questionado se estaria animado com a nova função.

Romero Jucá, ministro do Planejamento

O ministro do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o governo vai aprovar até o fim do mês uma nova meta de superávit fiscal do orçamento.

Ele disse ainda que vai analisar os números enviados pelo governo da presidente afastada, Dilma Rousseff, que pediu para o Congresso permissão para fazer um deficit primário de R$ 96 bilhões no ano.

Para Jucá, o superávit fiscal terá que ser trabalhado para ser conquistado até 2018.

BASE POLÍTICA

Segundo o ministro, a prioridade do governo é formar uma base política que dê estabilidade e garantia que medidas propostas serão aprovadas.

"Depois vamos mergulhar na ação da economia para retomar a credibilidade do governo, investimento, crescimento econômico e o ajuste fiscal", disse o novo ministro. "A segurança jurídica tem que voltar a dar garantia aos investidores internos e externos".

Ele afirmou ainda que medidas serão anunciadas na próxima semana.

IMPOSTO

Jucá disse que "ainda não é hora" de discutir aumento de impostos, mas não descartou a medida como "remédio amargo no futuro".

"Isso pode ser discutido no futuro, como remédio amargo de transição. Mas agora, no primeiro momento, temos que focar em outras ações para gerar empregos e fazer o crescimento voltar".

Alexandre de Moraes, ministro da Justiça e Cidadania

Joel Silva - 14.ago.2015/Folhapress
Secretário de segurança pública do Estado, Alexandre de Moraes
Alexandre de Moraes, ministro da Justiça e Cidadania

Ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes (PSDB-SP) defendeu que a atuação violenta de movimentos de esquerda seja combatida.

"A partir do momento que seja MTST, ABC, seja ZYH, que deixam o livre direito de se manifestar para queimar pneu, colocar em risco as pessoas, aí são atitudes criminosas que vão ser combatidas, assim como os crimes", disse após participar da cerimônia de posse do ministro Gilmar Mendes como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O ministro também chamou de "atos de guerrilha" os protestos realizados em São Paulo no início desta semana contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

CRIME ORGANIZADO

Moraes disse que pretende focar seu trabalho no combate à criminalidade organizada, principalmente em relação ao contrabando de armas que entram no Brasil. "É uma fronteira absolutamente desguarnecida, vem trazendo um aumento da criminalidade violenta no país todo", disse.

Ronaldo Nogueira, ministro do Trabalho

O ministro do Trabalho, deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), disse que o aumento do desemprego será revertido e que o papel do ministério será criar uma harmonização na relação entre capital e trabalho. "Não podemos dividir classes. Precisamos unir as classes".

LEIS TRABALHISTAS

Nogueira disse ainda que o governo de Michel Temer vai modernizar as relações trabalhistas, mas preservando direitos dos trabalhadores.

"Em nenhum momento ele [Michel] disse que iria cortar direitos. Disse que os direitos seriam preservados. Não podemos confundir a preservação de direitos com a modernização. A modernização é fundamental para que haja uma estabilidade no mercado e para o trabalhador".

"É importante que sindicatos e trabalhadores entendam e se tranquilizem que esse será um governo de diálogo", afirmou.

TERCEIRIZAÇÃO

Questionado sobre o projeto sobre a terceirização que tramita no Senado, Nogueira afirmou que ainda irá conversar com Temer em busca de uma orientação sobre o tema.

José Serra, ministro das Relações Exteriores

Ueslei Marcelino/Reuters
Senator Jose Serra attends a vote session on the impeachment of President Dilma Rousseff in Brasilia, Brazil, May 11, 2016. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: BSB253
José Serra, ministro das Relações Exteriores

Antes do término da votação no Senado que aceitou o processo de impeachment de Dilma Rousseff, o senador José Serra (PSDB-SP) disse que um governo de de Michel Temer pode melhorar a situação econômica do Brasil por atenuar uma "crise de expectativas".

"Os investidores não investem porque não têm certeza sobre o futuro; se aumentar a certeza, eles vão investir, e, se investirem, melhora a situação", disse.

Bruno Araújo, ministro das Cidades

O novo ministro das Cidades, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), disse que fará uma auditoria em todos os números da pasta. "Vamos fazer um diagnóstico completo dos números apresentados ao longo desses anos. É preciso libertar as amarras ideológicas e a burocracia que dificultam a execução das obras".

Araújo afirmou ainda que pretende apresentar um plano de ação e os resultados dessa auditoria em até 30 dias.

MINHA CASA, MINHA VIDA

O ministro disse que vai trabalhar para estimular PPPs (Parcerias Público-Privadas) para alavancar programas como o Minha Casa, Minha Vida e de saneamento básico.

Ele defendeu a parceria com a iniciativa privada como uma alternativa para dar dinamismo aos programas de sua pasta num momento em que há problemas de caixa no Tesouro.

Ricardo Barros, ministro da Saúde

O novo ministro da saúde, deputado Ricardo Barros (PP-PR), defendeu que as prefeituras apliquem "multas severas" a quem mantiver focos do mosquito Aedes aegypti dentro de casa.

Sobre o avanço das epidemias de dengue, zika e chikungunya, Barros disse esperar que a pasta possa "eliminar rapidamente" o mosquito.

"Esperamos que possamos eliminar rapidamente o mosquito. Antes era dengue, passou a ser chikungunya, zika e poderá ser outro vírus no ano que vem. A população brasileira precisa nos ajudar. Especialmente os prefeitos aplicando multas severas aos cidadãos que têm foco de dengue em suas propriedades", disse.

MAIS MÉDICOS

Sobre um dos principais programas da gestão de Dilma Rousseff na Saúde, o novo ministro disse que vai incentivar a participação de brasileiros no Mais Médicos.

NOVO IMPOSTO

Barros evitou comentar sobre a proposta de um novo imposto para obter recursos para a saúde, medida defendida pelos titulares anteriores da pasta. "Isso é com a área econômica", disse. Ele defendeu uma "melhoria da gestão".

"Quando conseguirmos organizar a informação, vamos poder gastar melhor os recursos e produzir melhores resultados com o mesmo investimento que já é feito para a saúde".

Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social e Agrário

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 13-05-2013. 13h40: Deputado Osmar Terra fala no seu gabinete na Camara dos Deputados sobre a Lei de Drogas. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVA - ESPECIAL***
Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social e Agrário

O novo ministro do Desenvolvimento Social, deputado Osmar Terra (PMDB-RS) disse que pretende implantar o que chamou de "kit municipal" de programas para a superação da pobreza.

"Se o discurso da presidente é que temos menos de 10% da população na pobreza, por que tem 50 milhões recebendo Bolsa Família?", questionou.

Segundo ele, a ideia é identificar potencialidades locais e estimular o ingresso no mercado de trabalho e o empreendedorismo com parcerias com entidades como o Sebrae.

BOLSA FAMÍLIA

Para Terra, o "melhor programa social" é a retomada do desenvolvimento social com pleno emprego. Mas ele diz que os programas são prioridade.

"A única possibilidade de haver algum corte nos programas sociais é se o rombo deixado pela presidente Dilma Rousseff for tão grande que não dê para fazer nada no país".

O ministro disse, no entanto, que o Bolsa Família não pode ser objetivo de vida para as pessoas e que pretende estimular beneficiários a buscar emprego.

"Muitos não trabalham por medo de perder o emprego e a bolsa. Queremos continuar pagando a bolsa para quem conseguir emprego e garantir que, caso a pessoa perca o trabalho, volte imediatamente para o cadastro de beneficiários".

MOVIMENTOS SOCIAIS

Para Terra, se os movimentos sociais "quiserem a melhoria de vida das pessoas", buscarão interlocução com a nova gestão. "Se quiserem só luta política, aí o que é que eu posso fazer?", indagou.

Crítico do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a quem já acusou de receber dinheiro "do contribuinte venezuelano", disse que terá uma boa relação com os assentados.

Mendonça Filho, ministro da Educação e Cultura

O ministro da Educação e Cultura, deputado Mendonça Filho (DEM-PE), rebateu as críticas de entidades e movimentos sociais à escolha de seu nome. Setores lembraram que o DEM chegou a entrar no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ação contra as cotas em universidades.

"Educação não tem partido, tem que ser consenso nacional. Vamos tentar unir o Brasil. Isso é preconceito e luta política", disse.

Mendonça Filho garantiu que todos os programas serão mantidos e que seu partido é a favor de "cotas para os mais pobres". "Nossa intenção é fazer da educação um motor de equidade", afirmou.

CLASSE ARTÍSTICA

O ministro disse ainda que não há motivos para a classe artística se preocupar com a fusão das pastas de Educação e Cultura. Segundo ele, as duas linhas serão contempladas.

"Você pode ter dois ministérios com pouca força ou duas áreas fundamentais cada vez mais fortalecidas", defendeu.

Raul Jungmann, ministro da Defesa

Alan Marques-26.ago.10/Folhapress
BRASÍLIA, DF, 26.08.2010: CASO DOSSIÊ PSDB X PT - Deputado Raul Jungmann (PPS-PE) entra na Procuradoria Geral da República com ação contra a candidata do PT a Presidência da República, Dilma Rousseff, por crime eleitoral após a divulgação de que mais três pessoas ligadas ao candidato do PSDB ao Planalto, José Serra, tiveram seus sigilos violados na Receita Federal. (Foto: Alan Marques/Folhapress)
Raul Jungmann, ministro da Defesa

O novo ministro da Defesa, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse que o Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas deste ano, vive uma "situação delicada"). Jungmann afirmou ainda que é preciso "mostrar o Rio não só para o mundo mas também para os brasileiros".

VERBA

Questionado se apoiava a ideia do ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo de vincular 2% do PIB (Produto Interno Bruto) para a pasta, Jungmann disse que "não é hora" de discutir o assunto. Segundo ele, R$ 400 milhões ou R$ 500 milhões já resolveria os problemas dos projetos que estão com falta de recurso nas três forças: Exército, Marinha e Aeronáutica.

"Precisamos de estabilidade. Não dá para ficar ao sabor de grandes mudanças. Não vamos solucionar as questões orçamentárias a curtíssimo prazo. Precisamos de horizonte", declarou.

Fernando Filho, ministro de Minas e Energia

O ministro de Minas e Energia, o deputado Fernando Filho (PSB-PE), disse que sua prioridade é "reanimar o setor" buscando dar garantias aos investidores para a retomada do investimento.

Entre as medidas, ele citou a aprovação do novo marco legal da mineração, parado no Congresso desde 2012, e diálogo com o investidores da áreas de energia para voltar a dar "previsibilidade nas regras".

"O país vai voltar a crescer. Vai precisar de energia e precisamos preparar as bases para os investidores nacionais e estrangeiros terem a tranquilidade de voltar a investir no Brasil", afirmou.

PETROBRAS

Filho disse que não vai interferir na Lava Jato e que não conversou com o presidente interino Temer sobre a Petrobras, estatal vinculada a seu ministério, e nem sobre mudanças no regime de exploração de petróleo no país.

"As diretrizes serão dadas pelo presidente", afirmou.


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