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Nos 20 anos de 'Toy Story', veja 10 brinquedos reais que inspiraram personagens do filme

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Woody e Buzz, os brinquedos que protagonizam "Toy Story".

Há exatos 20 anos, em 22/11/95, acontecia nos Estados Unidos a estreia do que viria a ser um dos filmes mais amados da história: "Toy Story". Foi o primeiro longa-metragem da Pixar e também o primeiro longa digitalmente animado, marco histórico da tecnologia de CGI ("computer-generated imagery", imagens geradas por computador) que hoje é aplicada em diversos longas, curtas e filmes comerciais.

Por ter sido pioneiro na animação digital, o diretor do filme, John Lasseter, sofreu até conseguir convencer os produtores de que a ideia daria certo. Ele foi demitido da Walt Disney Feature Animation antes de entrar para a Lucasfilm e, depois, fundar a Pixar.

Lasseter se inspirou em sua paixão por brinquedos para criar o curta "Tin Toy", vencedor do Oscar de melhor curta animado em 1988 que mostra um bebê demoníaco maltratando seus brinquedos. Após demonstrar o sucesso da técnica de CGI, o diretor finalmente convenceu a Disney de que a animação digital era possível. Disney e Pixar se uniram e, finalmente, foi possível produzir "Toy Story" (confira aqui o que aconteceu depois com as duas empresas).

Aclamado pela crítica e bem sucedido nas bilheterias, "Toy Story" conquistou fama suficiente para ganhar uma sequência em 1999 e outra em 2010. Um quarto filme já está em fase de produção e deve ser lançado em 2018.

São 20 anos de popularidade em alta, com vários de seus personagens sendo vendidos em lojas de brinquedos até os dias de hoje. Isso porque parte do sucesso da franquia se deve justamente ao carisma de seu "elenco", encabeçado pelo fiel cowboy Woody e o divertido Buzz Lightyear.

Mas o que pouca gente sabe é que, além de Barbie e Ken, muitos outros personagens foram baseados em brinquedos que já existiam muito antes de o astronauta de plástico popularizar o bordão "ao infinito e além". Confira quem são.

1. Barbie e Ken

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Barbie e Ken no terceiro filme da franquia
Barbie e Ken no terceiro filme da franquia "Toy Story".

Barbie e seu namorado, Ken, talvez sejam um dos símbolos mais fortes da indústria de brinquedos norte-americana. Em crise e tentando se reinventar, a boneca loira é desejo de consumo de muitas meninas desde 1959, quando foi lançada pela Mattel.

A ideia original dos roteiristas da Pixar é que, no fim de "Toy Story", uma Barbie resgataria Woody e Buzz. Na época, a Mattel não quis licenciar os direitos da boneca para o filme. A marca declarou ser "filosoficamente" contra uma Barbie no filme, já que as garotas que brincam com Barbies "projetam suas próprias personalidades na boneca". "Se você der uma voz e animar uma Barbie, ela pode não corresponder à persona do sonho e desejo de toda garotinha."

Com o sucesso comercial estrondoso do filme, a marca mudou de ideia. Em "Toy Story 2", as Barbies aparecem aos montes. No terceiro filme da franquia, Barbie e Ken protagonizam algumas das cenas mais cômicas do roteiro, com direito a muito estilo, graças ao guarda-roupa de Ken.

2. Senhor Cabeça de Batata

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Senhor e Senhora Cabeça de Batata.

Bem antes das inúmeras versões de cabeças de batata inspirados em profissões ou heróis invadirem as lojas de brinquedo, o personagem já tinha se tornado popular nos Estados Unidos, mas com um visual bastante diferente. Produzido pela Hasbro a partir de 1952, em suas primeiras versões o brinquedo vinha apenas com os acessórios, que podiam ser encaixados em batatas de verdade. O próprio personagem voltou às origens em "Toy Story 3", quando precisou colocar seus olhos e outros acessórios em um pepino.

O Senhor Cabeça de Batata ainda é responsável por homenagear dois clássicos em "Toy Story 2", algo que pode passar despercebido pelas crianças. A primeira referência é a "Jurassic Park" (1993), quando, após entrar no carro da Barbie, o brinquedo olha para o retrovisor e vê Rex correndo em sua direção, cena parecida com a perseguição jurássica do filme de Steven Spielberg. Em seguida, Cabeça de Batata lança seu chapéu para impedir que uma porta se feche, no melhor estilo Oddjob, vilão de "007 Contra Goldfinger" (1964).

3. Troll

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Buzz Lightyear penteia uma boneca Troll em "Toy Story".

Figurante nos filmes da franquia, a cabeleira rosa e gigante é o traço marcante das bonecas troll, que surgiram na Dinamarca e se tornaram febre nos Estados Unidos na década de 1960. No universo de "Toy Story", ela é um brinquedo de Molly, irmã de Andy (outro brinquedo irmportante da irmã é Betty, o interesse romântico de Woody).

A boneca troll provavelmente foi doada entre "Toy Story 2" e sua continuação, já que sua última aparição é em uma retrospectiva, em "Toy Story 3". Na cena, o Senhor Cabeça de Batata faz o papel de um vilão que explode uma ponte ferroviária, causando o descarrilhamento de um trem cheio de "órfãos" —"encenados", na ocasião, por bonecas troll.

4. Slinky

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Slinky é o parceiro de Woody em "Toy Story".

O cachorro mola mais simpático do cinema também é um brinquedo das antigas, de 1952. Quando as brincadeiras com mola se popularizaram nos Estados Unidos, surgiu a ideia de combinar o metal com o melhor amigo do homem. Ele deixou de ser vendido na década de 1970, o único brinquedo em "Toy Story" que não estava à venda antes do filme.

Apesar de ser conhecido pela sua amabilidade, na primeira versão do roteiro de "Toy Story", Slinky era um personagem sombrio e submisso a Woody. Pouco popular, o cachorro era excluído das brincadeiras de Andy. Sua personalidade foi reformulada após a "Black Friday", apelido dado a uma exibição prévia do filme que foi completamente rechaçada pelos executivos da Disney. Após serem repreendidos, os diretores da Pixar tiveram que alterar vários pontos da trama. O incidente quase resultou no cancelamento do filme.

Lasseter disse ter ficado envergonhado após ver a exibição do filme que levou à "Black Friday". "A história tinha os personagens mais infelizes e maldosos que eu já tinha visto", comentou. O personagem de Woody é o que sofreu a mudança mais radical após a bronca da Disney, deixando de ser um vilão tirânico para ser o líder amigável que conhecemos.

5. Etch A Sketch (Traço Mágico)

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Etch A Sketch faz desenho de Al, um dos vilões de "Toy Story 2".

Coadjuvante, o Traço Mágico (que é uma clássica lousinha mágica) pode não ter um papel de peso em "Toy Story", mas foi ele que dedurou o sequestrador de Woody em "Toy Story 2", estampando um retrato do "homem galinha" em sua tela.

Logo em seguida, o Traço esboça um mapa do caminho da casa de Andy até a loja de brinquedos de Al, ajudando os amigos a resgatar o cowboy. O endereço, 1001 West Cutting Boulevard, é da antiga sede da Pixar, em Richmond, Califórnia.

A lousa mágica foi inventada na França, em 1960. Confira abaixo um comercial antigo do brinquedo.

6. Chatter Telephone

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Telefone de brinquedo tenta ajudar Woody em "Toy Story 3".

Tendo as crianças pequenas como público-alvo, o telefone de plástico que ajuda Woody em "Toy Story 3" foi introduzido no mercado pela Fisher-Price, em 1962. Apesar de ser um personagem periférico no filme, o Chatter Telephone foi eleito um dos 100 brinquedos mais memoráveis pela Toy Industry Association, em 2003.

Após o lançamento de "Toy Story 3", a Pixar publicou no YouTube uma série de vídeos protagonizados pelo telefone, a "Chatter Phone Tipline", que explica alguns "easter eggs" da franquia (surpresas que aparecem discretamente no meio dos filmes). Em um deles, Chatter comenta a suposta participação do vilão Sid, o garoto que destrói brinquedos impiedosamente, no terceiro longa-metragem.

7. Speak & Spell

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Speak & Spell "conversa" com os brinquedos de "Toy Story".

Um dos primeiros contatos de uma criança norte-americana com o mundo eletrônico, o Speak & Spell, que ensina a soletrar, foi lançado em 1978, pela Texas Instruments, e inspirou a criação do Mr. Spell, no filme. Também coadjuvante na trama de "Toy Story", o brinquedo já fez uma aparição em outro grande sucesso das telas: em 1982, o aparelho ajudou o E.T., do filme homônimo de Steven Spielberg, a se comunicar com os habitantes de seu planeta.

8. Barril de Macacos

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Macacos de plástico tentam ajudar Woody e Buzz em "Toy Story".

Lançado em 1965, o jogo "Barrel of Monkeys", como é chamado em inglês, aparece na lista da revista "Time" como um dos 100 maiores brinquedos de todos os tempos. Menos importante em "Toy Story", os macacos de plástico tentam ajudar Woody e Buzz a fugir da casa do vilão Sid no primeiro filme da franquia, enquanto desempenham o papel de "bomba" em uma brincadeira do terceiro longa-metragem.

9. Soldados de plástico

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Soldados de plástico em "Toy Story".

Os pequenos soldados verdes que dão apoio estratégico aos planos de Woody são velhos conhecidos da indústria de brinquedos. Vendidos pela primeira vez em 1938, os pequenos militares são simples e baratos e funcionavam como uma alternativa aos brinquedos cheios de detalhes, que eram mais caros.

O líder do exército de brinquedo, Sargento, foi dublado em inglês por R. Lee Ermey, ex-fuzileiro naval americano e parte do elenco de "Nascido Para Matar" (1987), filme de Stanley Kubrick sobre a Guerra do Vietnã.

Para desenvolver a tecnologia necessária para animar o personagem, os artistas da Pixar amarraram placas de madeira em seus pés, para descobrir como os soldados de plástico fariam para se locomover caso ganhassem vida.

10. Ervilhas de pelúcia

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Ervilhas de pelúcia conhecem Woody em "Toy Story 3".

As simpáticas ervilhas do terceiro filme de "Toy Story" podem parecer criações exclusivas para o cinema, mas, na verdade, alguém de fato teve a ideia de produzir brinquedos em formato de vegetais, em 1975. Os Vegimals, como eram chamados, foram um sucesso criado pela falecida Freemountain Toys, que tinha também em seu catálogo frutas antropomórficas de pelúcia.

Em "Toy Story 3", as três ervilhas são chamadas Peatey, Peatrice e Peanelope, e um dos membros do trio recebeu a voz do mesmo ator que dublou Andy na sequência de abertura do filme.


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