Folha de S. Paulo


Palmeiras e São Paulo voltam a jogar na casa alviverde após 5 anos; estádio foi palco de decisões e polêmicas

Depois de cinco anos, Palmeiras e São Paulo vão voltar a disputar um clássico na casa alviverde. Não mais no antigo estádio Palestra Itália, demolido, mas na nova arena palmeirense.

O local já abrigou encontro memoráveis entre os rivais, como a decisão pela vaga na semifinal da Copa do Brasil-2000 e os encontros pelas Copas Libertadores de 1974, 2005 e 2006.

1 - Despedida, tabu e protesto

Em 21 de fevereiro de 2010, os rivais fizeram o último jogo entre si no estádio Palestra Itália. Foi pela primeira fase do Campeonato Paulista daquele ano. O time alviverde venceu por 2 a 0, gols do atacante Robert.

O Palmeiras não vencia o São Paulo há cinco jogos e não marcava gols no clássico havia 280 minutos. O confronto ainda marcou a estreia de Antonio Carlos, como técnico alviverde. Ele substituiu Muricy Ramalho, demitido após a goleada sofrida de 4 a 1 para o São Caetano. O time tricolor foi comandado por Ricardo Gomes.

Sob os olhares de 13.590 pagantes, o duelo foi tranquilo dentro de campo, apesar da expulsão do zagueiro tricolor Xandão. Já a torcida criou tumulto. Teve provocações homofóbicas dos palmeirenses e conflito de torcedores fora do estádio. Segundo a Folha noticiou na época, dois são-paulinos foram feridos e levados ao hospital.

Ricardo Nogueira -21.fev.2010/Folhapress
Jogadores do Palmeiras comemoram segundo gol de Robert contra o São Paulo no último clássico no Palestra Itália
Jogadores do Palmeiras comemoram segundo gol de Robert contra o São Paulo no último clássico no Palestra Itália

2 - Gás no vestiário

Em 2008, o Palmeiras batalhou nos bastidores para conseguir receber o segundo jogo da semifinal do Paulista. Após perder por 2 a 1, no Morumbi, precisava vencer para alcançar a final e justificar o investimento de R$ 20 milhões.

Comandado por Vanderlei Luxemburgo, o time conseguiu fazer 2 a 0 (Léo Lima e Valdivia marcaram) e se classificou. O confronto teve polêmicas, como a falha de Rogério Ceni no primeiro gol, as expulsões do são-paulino André Dias e do palmeirense Martinez, mas nenhuma foi tão grande quanto a história do gás no vestiário.

Os são-paulinos alegaram que no intervalo alguém liberou gás de pimenta no vestiário, o que fez os jogadores e o técnico Muricy Ramalho passarem mal. O Palmeiras alegou inocência. O caso foi para o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) e o clube alviverde foi punido com multa de R$ 10 mil e perda de um mando de campo.

Fernando Donasci - 20.abr.2008/Folhapress
O meia Valdívia festeja ao marcar o segundo gol do Palmeiras contra o São Paulo, no Palestra Itália
O meia Valdívia festeja ao marcar o segundo gol do Palmeiras contra o São Paulo, no Palestra Itália

3 - Correria, paus e pedras

O terceiro encontro entre os clubes na Libertadores foi o primeiro que o Palmeiras somou pontos em casa. O time conseguiu empatar por 1 a 1, após sair perdendo, mas em um jogo que foi superior.

O Palmeiras estava com um técnico interino (Marcelo Vilar) e um time questionado, mas teve uma atuação elogiada. Especialmente o atacante Edmundo, que empatou o duelo aos 37 minutos do primeiro tempo. Além disso, ele provocou os jogadores do São Paulo, discutiu com a arbitragem e levantou a torcida.

Se dentro de campo houve correria de ambos os lados para fazer o resultado, do lado de fora a correria foi causada por uma briga entre torcedores. Houve tentativa de invasão dos setores rivais por parte dos são-paulinos, confronto com paus e pedras. A Folha registrou quatro torcedores feridos e um soldado da PM machucado.

Flávio Florido - 26.abr.2006/Folhapress
O atacante Edmundo, do Palmeiras, carrega bola observado pelo goleiro Rogério Ceni, do São Paulo logo após empatar o jogo por 1 a 1
O atacante Edmundo, do Palmeiras, carrega bola observado pelo goleiro Rogério Ceni, do São Paulo logo após empatar o jogo por 1 a 1

4 - Golaço de Cicinho

Após quase dez anos, São Paulo e Palmeiras voltaram a jogar pela Copa Libertadores, em 18 de maio de 2005. Válido pelas oitavas de final, o primeiro jogo foi no estádio Palestra Itália.

Até esse jogo o Palmeiras só tinha perdido uma vez no seu estádio e havia sido justamente para o São Paulo, por 2 a 1, em 1974. Em 2005, o time alviverde caiu após 31 jogos no torneio continental e ostentando 87,8% de aproveitamento dos pontos no local. O culpado foi Cicinho.

O lateral direito acertou um belo chute de esquerda, de fora da área, e garantiu o placar de 1 a 0 para o São Paulo, diante de 18.947 pagantes. "Estou tendo muita sorte. Isso é resultado do trabalho", disse após o jogo.

Paulo Whitaker - 18.mai.2005/Reuters
O lateral direito Cicinho e o volante Renan comemoram gol marcado contra o Palmeiras, em partida válida pelas oitavas da Libertadores
O lateral direito Cicinho e o volante Renan comemoram gol marcado contra o Palmeiras, em partida válida pelas oitavas da Libertadores

5 - Gol de letra de Raí

Em 2000, os rivais disputaram o primeiro, e até hoje único, encontro pela Copa do Brasil. Foi pelas quartas de final do torneio. A vaga foi decidida no estádio Palestra Itália, e o São Paulo se classificou.

O clássico teve muitos fatos marcantes, como as expulsões dos técnicos Levir Culpi, do São Paulo, e Luiz Felipe Scolari, do Palmeiras, uma cotovelada do volante são-paulino Vagner no atacante palmeirense Pena, um gol de falta de Rogério em Rogério Ceni (acertou o ângulo), mas o mais marcante foi o gol de Raí.

O meia são-paulino fez de letra o segundo gol tricolor. O tento foi anotado após jogada individual de Sandro Hiroshi, que driblou o palmeirense Tiago e cruzou para Raí. O São Paulo venceu por 3 a 2 –marcaram Vagner e Hiroshi; Rogério, de falta e pênalti descontou. Na ida, no Morumbi, o time já havia vencido por 2 a 1.

Evelson de Freitas - 27.jun.2000/Folhapress
O meia Raí manda beijos para a torcida do São Paulo após marcar o segundo gol do time contra o Palmeiras, no Palestra Itália
O meia Raí manda beijos para a torcida do São Paulo após marcar o segundo gol do time contra o Palmeiras, no Palestra Itália

6 - Encontro na Libertadores e tabu

Em 1974, a Libertadores só havia visto um time brasileiro ser campeão, o Santos de Pelé. São Paulo e Palmeiras tinham interesse na taça e se encontram na edição de 1974, pela fase de grupos.

O primeiro duelo foi no Morumbi, com vitória do time tricolor por 2 a 0. No Palestra Itália, a expectativa é que a Academia de Futebol, como era conhecido o time alviverde, desse o troco. Mas novamente quem triunfou foi o clube do Morumbi, dessa vez por 2 a 1 –gols de Mauro e Chicão; Ronaldo descontou.

O resultado fez o time alviverde ampliar um jejum, o de 15 jogos sem vencer o São Paulo.

25.abr.74/Folhapress
Chicão, o camisa 5 do São Paulo, afasta a bola da defesa no clássico com o Palmeiras, pela Libertadores de 1974
Chicão, o camisa 5 do São Paulo, afasta a bola da defesa no clássico com o Palmeiras, pela Libertadores de 1974

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