A violência contra ambientalistas tem aumentado e se espalhado pelo mundo. Em 2016, ano mais letal para defensores do ambiente, foram registrados 200 assassinatos, segundo levantamento da ONG Global Witness, divulgado nesta quinta-feira (13). O Brasil é líder do ranking de mortes desses ativistas.
Desde 2002, a Global Witness mapeia a violência contra ambientalistas no mundo. Quase mil ativistas foram assassinados entre 2010 e o ano passado –2015 e 2016, foram os piores já registrados.
Este é o reflexo de uma onda de violência, em que "as empresas mineradoras, madeireiras, hidroelétricas e agrícolas passam por cima das pessoas e do ambiente em sua busca por lucro", diz a organização.
O levantamento da ONG mostra que a mineração e o petróleo estão relacionados a 33 mortes, o que os tornam os campos mais perigoso para a militância. Contudo, o número de assassinatos associados ao desmatamento está crescendo.
A derrubada de florestas está ligada a 23 assassinatos. Desses, 16 ocorreram no Brasil. Segundo o relatório, o agronegócio é um importante fator nesses números.
Ao todo, em território brasileiro, foram 49 mortes. Com isso, em números gerais, o país é o mais perigoso para ambientalistas. "A luta implacável pela riqueza natural da Amazônia torna o Brasil, mais uma vez, o país mais letal do mundo", afirma o relatório.
A Global Witness ainda afirma que os números apresentados podem estar subdimensionados, considerando que nem todos os assassinatos são relatados, principalmente os que ocorrem em zonas rurais.
De acordo com a ONG, 60% dos assassinatos ocorreram em países da América Latina, e 40% das vítimas eram membros de grupos indígenas.
Os governos, que falham em proteger os ativistas e responsabilizar os envolvidos nos assassinatos, estariam entre os responsáveis pelo crescimento das mortes, segundo o relatório.
A ONG afirma também que investidores estão impulsionando a violência ao financiarem projetos e setores abusivos, além de falharem no apoio aos ativistas ameaçados.
"O aumento no número de mortes não significa necessariamente uma surpresa, considerando a impunidade que cerca os crimes", afirma o relatório.