Folha de S. Paulo


Apesar de reformas, forte do século 18 sofre deterioração

Um dos maiores tesouros da história do arquipélago de Fernando de Noronha, o Forte de Nossa Senhora dos Remédios está em situação de abandono, apesar de ter sofrido intervenções nas últimas três décadas.

A cargo do engenheiro militar português Diogo da Silveira, a construção da fortaleza começou em 1737, há 280 anos, portanto. Foi erguida numa colina, 45 m acima do nível do mar, sobre as ruínas de uma edificação levantada pelos holandeses, que a abandonaram em 1654.

A partir daí, tornou-se o grande ponto de defesa da Baía de Santo Antônio, onde fica o principal porto de Fernando de Noronha, ao norte do arquipélago.

Forte de Nossa Senhora dos Remédios está em situação de abandono

Em 1961, o forte foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Hoje, as ruínas históricas estão sendo engolidas por plantas. Nas fendas das muralhas de pedra, crescem arbustos e capim. O mato também começa a cobrir os canhões –alguns deles estão enferrujados.

"A vista é muito bonita", diz a funcionária pública Carolina Loureiro, moradora de Recife, que visitava Fernando de Noronha pela segunda vez. Do local, é possível contemplar o Morro do Pico, conhecido como Dedo de Deus, e a praia do Cachorro.

"Mas há bastante mato por aqui. E seria bom que existissem indicações", completa a turista, que estava em passeio com o marido, o médico Alexandre Loureiro.

Faltam ainda à fortaleza equipamentos básicos de segurança para receber os visitantes. No dia da visita da reportagem ao local, em 28 de março, a turista Marlei da Rosa levou um tombo ao descer uma das rampas de pedra. Machucou levemente o rosto e a perna direita.

"A rampa estava escorregadia e nem havia chovido", disse Marlei, assistente social de Materlândia (PR).

Já são quase 30 anos que o forte não passa por obras abrangentes de revitalização. A última vez data de 1988, e ainda assim inconclusa.

Nesse ano, quando o arquipélago se tornou distrito de Pernambuco (antes era território federal), o forte estava em processo de restauração.

No entanto, com a suspensão dos recursos federais, as obras não foram finalizadas.

Em 2012, houve apenas intervenção pontual para consolidar parte das muralhas.

OUTRO LADO

De acordo com a assessoria de imprensa do Iphan, que fiscaliza o estado de conservação dos bens tombados, Fernando de Noronha integra o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) das cidades históricas. O forte será um dos locais do arquipélago que passará por restauração, segundo o instituto.

O Iphan abriu licitação para contratar uma empresa especializada. A abertura das propostas está prevista para o dia 26 de abril.

A reforma vai contemplar, segundo a assessoria, "o atendimento às normas de acessibilidade universal", além de "passarelas, mirantes, banheiros, museu e local para eventos".

O jornalista NAIEF HADDAD viajou a convite da Marinha do Brasil


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