Folha de S. Paulo


Uma semana após pico de poluição, ar de Paris está novamente irrespirável

Philippe Lopes/AFP
Poluição cerca Torre Eiffel, em Paris, França, nesta sexta (16)
Poluição cerca Torre Eiffel, em Paris, França, nesta sexta (16)

O fim de ano dos parisienses não está sendo dos melhores. Pela segunda semana consecutiva, o nível de poluição na capital francesa volta a preocupar as autoridades. Para combater o problema, Paris e sua região devem obedecer ao rodízio de carros nesta sexta-feira (16), medida adotada pela quinta vez em menos de uma semana.

A alta concentração de dióxido de nitrogênio e de partículas finas torna o ar da capital francesa e de 22 outros municípios da sua região mais uma vez irrespirável. Nesta sexta-feira, apenas os veículos cujo último número da placa é par poderão circular. A redução da velocidade para 20 km/h e a proibição de caminhões nas principais avenidas e rodovias também voltaram a ser instaurados. Os moradores da região parisiense podem se beneficiar dos transportes públicos gratuitos hoje.

A situação não deve melhorar neste fim de semana. Em mensagem publicada no Twitter na manhã desta sexta-feira, Marc Meunier, secretário-geral da zona de defesa e de segurança em Paris, informou: "Esperamos uma piora da poluição para o sábado (17)". As autoridades devem anunciar se as medidas de emergência serão estendidas para este fim de semana.

A origem do problema está no sistema utilizado para o aquecimento das residências no inverno –alguns parisienses ainda recorrem à queima de madeira em lareiras, apesar da proibição deste sistema na capital. Mas a poluição do ar se deve principalmente à circulação excessiva de veículos. Meunier fez um apelo para que os parisienses obedeçam ao rodízio e evitem queimar madeira.

Na semana passada, a capital registrou o pior pico de poluição dos últimos dez invernos. Várias cidades da França, como Lyon, no centro, Grenoble, no sudeste, Lille, no norte, entre outras, também sofrem com o problema.

RISCOS PARA A SAÚDE

Especialistas advertem que os poluentes atmosféricos em suspensão na capital francesa são particularmente perigosos para a saúde. A lista de doenças que essas emissões podem causar é longa: bronquite crônica, asma, câncer do pulmão, acidente vascular cerebral, enfarte do miocárdio ou ainda, nas mulheres grávidas, problemas na placenta. As crianças são a população mais sensível à exposição aos poluentes, o que justifica a multiplicação de casos de bronquites agudas nos pequenos franceses.

Calcula-se que a poluição resulte, a cada ano, em cerca de 42 mil mortes na França e 386 mil na Europa, de acordo com estudos da Comissão Europeia. Além disso, as regiões metropolitanas europeias vem apresentando uma nova problemática, que se tornou um desafio para os pesquisadores na questão: a descoberta que os poluentes estão interagindo uns com os outros, tornando-os ainda mais perigosos.

PELO MUNDO

Outras cidades também têm enfrentado problemas com a poluição. Nesta quinta (15), Pequim emitiu seu primeiro alerta vermelho de poluição atmosférica de 2016.

No início de novembro, Nova Déli apresentou níveis históricos de poluição, sendo necessário, inclusive, o fechamento temporário de escolas.


Endereço da página:

Links no texto: