Folha de S. Paulo


Luta contra mudanças climáticas continua, diz representante dos EUA

Fadel Senna/AFP
Jonathan Pershing, diretor do Departamento de Energia dos EUA
Jonathan Pershing, diretor do Departamento de Energia dos EUA

O combate às mudanças climáticas continuará, independente de quem forem os governantes, afirmou na segunda-feira (14) o chefe negociador dos Estados Unidos na COP22, Jonathan Pershing, diretor do Departamento de Energia dos EUA, uma semana após a eleição de Donald Trump para a Casa Branca.

"Os chefes de Estado podem mudar, e mudarão, mas tenho certeza que podemos manter, e que manteremos, um esforço internacional durável para neutralizar as mudanças climáticas", disse Pershing em uma coletiva de imprensa.

"Foi um esforço mundial que tornou o acordo possível", comentou Pershing, em referência ao histórico pacto de luta contra o aquecimento do planeta assinado por 196 países há um ano em Paris.

O negociador revelou, porém, que não teve nenhum contato com a equipe de transição de Trump, que em várias ocasiões manifestou que quer retirar os EUA do acordo.

"Nossa produção agrícola diminuiu com as recentes inundações na Louisiana. O furacão Sandy (2012) chegou até Nova York e esse tipo de fenômeno climático é cada vez mais frequente. Então, não adianta negar o problema, e sim pensar em uma resposta global para evitar que a situação piore. A comunidade econômica americana e a sociedade civil vão continuar nessa direção. Acredito que nos próximos anos será imperativo participarmos das ações coletivas para combater o aquecimento global", disse Pershing.

"O poder deste movimento e o enorme impulso criado em Paris e reforçado ao longo desde ano" não vai cessar, disse Pershing.

A COP22 reúne milhares de participantes em Marrakesh para estabelecer prazos e compromissos precisos para aplicar o complexo acordo de Paris.

O texto entrou em vigor em 4 de novembro, após ser ratificado por uma maioria de países emissores de gases de efeito estufa.

"A questão [agora] já não é saber se a aplicação do acordo será acelerada, mas quando e como" isso vai acontecer, afirmou o negociador.

Meios de comunicação americanos apontaram nos últimos dias que o membro da equipe de transição de Trump que provavelmente será responsável pela Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA), Myron Ebell, é um cético das mudanças climáticas declarado.

Questionado por uma jornalista de um site chinês se ele não iria perder o cargo com a posse de Trump em janeiro, Pershing disse que foi nomeado para permanecer nesse posto até janeiro de 2020.


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