Folha de S. Paulo


Antártida ganha a maior reserva marinha do mundo

P. Askin/Reuters
O Mar de Ross é considerado um dos ecossistemas mais intactos no planeta
O mar de Ross é considerado um dos ecossistemas mais intactos no planeta

Depois de anos de tentativas, finalmente o Mar de Ross foi oficializado como uma reserva marítima, a maior do mundo. A área, agora protegida, possui 1,55 milhão de km². Destes, 1,22 milhão são zonas de exclusão de pesca, onde a atividade não pode ser desenvolvida. A área total equivale a aproximadamente os territórios de Reino Unido, França e Alemanha.

O Mar de Ross, localizado na Antártida, em uma baía no Oceano Pacífico, tem uma significativa importância. É tido como o "último oceano", por ser considerado o último ecossistema marinho intacto no planeta, sem contaminação, pesca em excesso ou espécies invasoras.

O acordo foi firmado nesta sexta (28) pela CCRVMA (Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos). O consenso unânime é necessário para qualquer decisão na comissão, composta por 25 países.

A tentativa de criação da reserva começou em 2012, por iniciativa dos EUA e da Nova Zelândia. Cinco tentativas foram necessárias até o sucesso. Somente a Rússia permanecia em desacordo quanto à área protegida, por preocupação quanto aos direitos de pesca. A China só passou a apoiar o santuário em 2015.

"Pela primeira vez, os países superaram suas divergências para proteger uma grande área do oceano austral e águas internacionais", comemorou Mike Walker, diretor da organização Antarctic Ocean Alliance.

Pequenas quantidades de pesca para fins científicos serão permitidas na áreas protegidas. No oceano antártico, que representa 15% da superfície dos oceanos, há ecossistemas excepcionais, que contêm mais de 10 mil espécies únicas, muitas delas preservadas das atividades humanas, mas ameaçadas pelo desenvolvimento da pesca e da navegação.

Andrea Kavanagh, diretora para a Antártida da organização The Pew Charitable Trusts, espera que esse seja o primeiro passo para a criação de uma rede de reservas marinhas no mundo.

As nações já começaram a considerar propostas para transformar o Mar de Weddell e o leste da Antártida em áreas protegidas.

O Mar de Ross foi batizado em homenagem ao britânico James Ross, que explorou também a região do Ártico.

O acordo entra em vigor em dezembro de 2017 e será válido por 35 anos na zona de proibição de pesca. Encerrado esse período, os países membros da CCRVMA devem decidir por unanimidade a prorrogação da reserva, algo que não deverá ser fácil, tendo em vista as dificuldades observadas no passado para obter avanços nas negociações.

Além do Brasil, os países que integram a convenção são Argentina, Austrália, Bélgica, Bulgária, Canadá, Chile, China, Ilhas Cook, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Índia, Itália, Japão, Coreia do Sul, Ilhas Maurício, Namíbia, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Peru, Polônia, Rússia, África do Sul, Espanha, Suécia, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai e Vanuatu.


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