Folha de S. Paulo


Pesquisadores brasileiros descobrem recife de coral na foz do rio Amazonas

Pesquisadores brasileiros descobriram um imenso sistema de recifes na faixa do Oceano Atlântico que fica em frente à foz do rio Amazonas. A descoberta é inédita e contradiz o entendimento corrente de que não seria possível haver recifes em águas tão turvas e sedimentadas.

Recifes são encontrados em águas cristalinas, com muita iluminação e baixa concentração de nutrientes, como aquelas do Caribe e de Abrolhos. As águas do Amazonas são o oposto disso: escuras e ricas em matéria orgânica coletada ao longo do rio (esse é o rio mais extenso do mundo e deságua 209 mil metros cúbicos por segundo no oceano).

A pesquisa, fruto de uma parceria entre cientistas de onze universidades brasileiras e uma americana, foi publicada neste mês na revista "Science Advances", com coordenação dos professores Carlos Rezende, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, e Fabiano Thompson, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

"Enquanto um recife comum é repleto de peixes e algas, o que encontramos aqui são algas calcárias, esponjas e bactérias quimiossintetizantes, que se alimentam de minerais e não fazem fotossíntese", diz Thompson.

Cientistas desconfiavam da presença de recifes na região desde 1970, mas não puderam rastrear o local, que fica a até 100 metros de profundidade. A equipe chefiada por Thompson e Rezende fez três expedições nos últimos seis anos usando uma espécie de sonar para fazer o mapeamento. Agora, pretendem estudar a composição dos organismos e descrever espécies de esponjas ainda não catalogadas.

"Precisamos avaliar as ameaças a esse ecossistema. Atualmente, temos empresas americanas e europeias explorando a área para produção de petróleo, o que é um risco enorme para os recifes e para a biodiversidade da região", diz Thompson.


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