Folha de S. Paulo


UE pede a países como Brasil e Índia metas para reduzir emissões de CO2

O comissário europeu para o Clima, Miguel Arias Cañete, convocou nesta quinta-feira (20) vários países, entre eles Brasil e Índia, a apresentarem rapidamente suas metas para reduzir as emissões de carbono, ante a iminência da Conferência Mundial sobre o Clima (COP-21) em novembro em Paris, na França.

"Vários países chave do G20, como Argentina, Brasil, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul e Turquia devem apresentar suas intenções sem demora" visando um acordo para limitar a 2 graus o aquecimento do planeta, disse à imprensa, lamentando que os "aspectos técnicos estejam muito atrás das discussões políticas".

Cañete lamentou que as "discussões técnicas estão seriamente por trás das discussões políticas" nesta matéria, e considerou que "isso deve mudar". O comissário, contudo, considerou um "progresso" que 56 países, que representam 61% das emissões globais, já tenham apresentado os seus objetivos de redução de dióxido de carbono.

O comissário lembrou ainda que o Protocolo de Quioto, que está em vigor e que os ambientalistas e cientistas consideram muito insuficiente para combater o aquecimento global, continha metas claras apenas de 36 países, o que representa 14% das emissões mundiais.

"Contribuições atuais não vêm somente dos grandes emissores como a China, a União Europeia ou os EUA, mas também de países mais vulneráveis da África, do Caribe e do Pacífico", áreas afetadas pelo aumento da água por causa do degelo das calotas polares, disse Cañete.

"Nós temos que ter uma ideia clara de um esforço em conjunto antes do encontro em Paris para saber onde estamos em relação ao objetivo de um aumento da temperatura abaixo dos 2°C ", disse. O comissário lembrou ainda a meta apresentada pela UE, em março, de reduzir em 40%, em relação a 1990, as emissões de gases-estufa até 2030.

EMISSÃO DE CO2 DA CHINA

A China acaba de se tornar um país que emite um pouco menos de gases-estufa, segundo um estudo publicado nesta quarta (19) na revista científica "Nature". Pesquisadores de instituições chinesas, americanas e europeias atualizaram a maneira de se medir a produção de CO2 para a atmosfera na queima de combustíveis fósseis, como o carvão, e na produção de cimento.

O estudo propõe uma "redução" das emissões chinesas de CO2 na ordem de 1,1 bilhão de toneladas (ou 1,1 gigatonelada) em 2013 –mais de dois "Brasis" em emissões dentro da mesma categoria, ou 14% das emissões chinesas estimadas anteriormente pela base Edgar (Emissions Database for Global Atmospheric Research), utilizada como uma referência internacional.

No entanto a China, mesmo com a correção, lidera o ranking dos causadores do efeito-estufa com folga sobre o segundo colocado, os EUA. A redução proposta pelos cientistas nas emissões chinesas se dá a partir de uma análise mais detalhada de fatores como a quantidade de carvão de fato utilizada pelos usinas termelétricas do país e o potencial de liberação de CO2 a partir da sua queima.

Ou seja, os cientistas substituíram estimativas mais gerais, realizadas por modelos matemáticos, por medições mais concretas registradas em observações de campo.

Editoria de Arte/Folhapress
Emissões de CO2 pelo mundo

Endereço da página:

Links no texto: