Folha de S. Paulo


Obama anunciará novo plano de combate à mudança climática

O presidente americano, Barack Obama, anunciará nesta segunda-feira (3) o que denomina como "o maior e mais importante passo já dado" na luta contra a mudança climática, a seis meses da conferência sobre o clima em Paris.

A Casa Branca divulgará a última versão de seu plano de energia limpa (America's Clean Power Plan), uma série de regulamentações ambientais destinadas a limitar, pela primeira vez, as emissões de carbono nas centrais elétricas dos EUA.

A proposta do democrata fixa em 32% a meta de redução de emissão de gás carbônico nas usinas elétricas até 2030, com base nos níveis de 2005, segundo informa o jornal "The Washington Post". O plano inicial, de um ano atrás, previa redução de 30%.

Segundo o jornal "The New York Times", a proposta inclui ainda que as usinas de energia utilizem mais fontes renováveis, como sol e vento. Ela exige que os Estados reduzam suas emissões de gás carbônico, trocando o uso de carvão por gás natural e incentiva investimentos mais pesados em energias renováveis, aumentando a fatia destas fontes de 22% para 28%.

Os governos estaduais podem desenhar seus próprios projetos para alcançar as metas de redução de emissão, mas devem entregar a versão final à casa Branca até 2018.

Se as medidas forem aprovadas, afirma o "NYT", centenas de usinas de produção de energia com carvão podem ser fechadas, além do congelamento da criação de novas e um boom da produção de energia solar e de outras fontes renováveis.

Jonathan Ernst-28.jul.2015/Reuters
O presidente dos EUA, Barack Obama, em discurso na sede da União Africana, em Addis Abeba, na Etiópia
O presidente dos EUA, Barack Obama, em discurso na sede da União Africana, em Addis Abeba, na Etiópia

Em um vídeo divulgado neste domingo (2), Obama afirmou que a mudança climática é uma ameaça para a economia, a saúde, o bem-estar e a segurança dos Estados Unidos. "Pelo bem de nossos filhos, pela saúde e a segurança de todos os americanos, isto está a ponto de mudar", disse o presidente, acrescentando que este "não é mais um problema para a próxima geração".

"As usinas de energia são a mais prejudicial fonte de contaminação com gás carbônico, que contribui com o aquecimento mundial", disse o presidente, que tinha no combate às temperaturas crescentes do planeta uma de suas bandeiras na campanha pelo primeiro mandato, em 2008. "Mas até este momento, não se falou de limites federais de poluição que estas usinas emitem na atmosfera."

As usinas de geração de energia elétrica são responsáveis por cerca de 40% das emissões de dióxido de carbono dos EUA.

Obama, que segue na Casa branca por mais um ano e meio, disse que seu plano levará a uma queda nas tarifas de energia pagas pelos americanos, a um aumento na criação de empregos no setor de energias renováveis e serviços energéticos mais confiáveis.

Apesar do discurso otimista de Obama, a proposta deve enfrentar duras críticas de seus rivais políticos e do setor industrial. A mudança climática é um tema quente na campanha eleitoral americana já que a energia tirada do carvão, uma das mais sujas, é a base da indústria do país.

Muitos republicanos questionam, inclusive, a existência de um aquecimento global e levantam dúvidas se tal efeito poderia ser causado por ação humana.


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