Folha de S. Paulo


Com marketing e famosos, campanha combate estigma do 'ecochato'

"Dá para ser sustentável sem ser ecochato, sem ser feio. Dá para ser sustentável sendo cool." A opinião é da empresária Fernanda Cortez, 33, carioca criadora da campanha Menos 1 Lixo, lançada em janeiro deste ano.

Cortez, que é sócia de uma empresa que presta serviços de comunicação para marcas, aplicou seu conhecimento de marketing à campanha e fechou parcerias com grandes empresas e atores famosos.

Seu objetivo é incentivar as pessoas a diminuir a produção do lixo. Para isso, propõe a substituição de copos descartáveis por um modelo reutilizável e portátil, o copinho de metal retrátil.

O copinho é vendido no site www.menos1lixo.com.br e custa R$ 18,90. O valor arrecadado é usado para alimentar a própria campanha, cujo site tem uma equipe de redatores e designers e ainda não se paga, segundo Cortez.

"Já teve Protocolo de Kyoto, Eco 92, Rio+20. As pessoas sabem o que vai acontecer. Por que ninguém muda os hábitos, sabendo que a gente é quem mais vai sofrer com isso?", questiona Cortez.

Para ela, trata-se de um problema de comunicação. "As notícias são muito densas e negativas. O desafio parece grande demais. Adotei a estratégia que uso para vender qualquer outra coisa para amplificar um comportamento", afirma.

A plataforma da campanha permite que o usuário registre o número de vezes que deixou de usar um copo descartável ao optar pelo copo retrátil. O número pode ser compartilhado em redes sociais e participantes podem monitorar a "economia" uns dos outros.

A competição teve a adesão de famosos como Marina Ruy Barbosa, Nanda Costa e Chay Suede. Desde que a campanha foi lançada, em janeiro deste ano, foram vendidos 5.000 copinhos.

Numa parceria com as Lojas Americanas durante a semana do Dia Mundial da Água, em março, simulou a venda de objetos encontrados na baía de Guanabara (leia texto no alto da página).

FILME

Cortez diz que sentiu a urgência de reduzir a produção de lixo quando assistiu ao documentário "Trashed" (2012), que conta para onde vai o lixo do dia a dia. Elegeu o copinho de plástico como objeto-teste.

"Ele não é o objeto que tem mais impacto ambiental. A garrafa pet, por exemplo, tem mais. Mas é um símbolo de como a nossa sociedade de consumo excessivo descarta tudo. Se todos tivéssemos o padrão de consumo dos americanos, precisaríamos de sete planetas para existir."

Neste mês, para celebrar o Dia do Meio Ambiente (5/6), o site da campanha doará a todos que comprarem um copo uma escova de dentes biodegradável.

Cortez diz que gostaria de produzir os copos no Brasil -atualmente, são importados da China. "Eu tenho uma campanha sustentável, mas não sei de onde vem o produto. Precisamos mudar isso."


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