Folha de S. Paulo


Contra inferno da metrópole, telhado reduz temperatura dentro de casa

Quem mora em grandes cidades sofre com o efeito das ilhas de calor no verão. O excesso de construções, a falta de vegetação e o número de veículos em circulação podem elevar a temperatura nas cidades em até 10 ºC.

Mas uma das soluções para o problema pode estar bem acima de nós: os chamados tetos frios (cool roof) -uma aplicação de revestimentos especiais que refletem boa parte da luz solar e absorvem o calor sem transmiti-lo para o ambiente interno.

A tecnologia é bastante difundida em Estados americanos quentes, como Califórnia e Flórida. Junto com outras soluções na área de construção sustentável, tem sido apontada como uma aliada contra o aquecimento global.

No Brasil, acaba de ser criado um consórcio que reúne instituições como a USP (Universidade de São Paulo) e a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), empresas e entidades da construção para criar essa tecnologia a baixo custo por aqui.

"O plano é que nos próximos três anos tenhamos esses revestimentos em casas populares como as do programa federal Minha Casa, Minha Vida", afirma Vanderley John, professor da Escola Politécnica da USP.

Um teste já foi feito em casas das comunidades cariocas Babilônia e Chapéu Mangueira, pelo projeto Rio Cidade Sustentável, que é coordenado pela prefeitura em parceria com empresas.

"A aplicação de um revestimento especial nas lajes reduziu a temperatura interna das casas em 6ºC", diz Vanessa Grossi, gerente de marketing da química Dow, que vende o revestimento no mercado brasileiro. O Museu do Amanhã, em obras no Rio, também terá o revestimento.

TELHADOS BRANCOS

O uso de telhados brancos contra as mudanças climáticas já foi alvo de campanha.

Lançada no Brasil em 2009 pelo GBC (Green Building Council), que promove tecnologias verdes, a ação One Degree Less (Um Grau a Menos) levou milhares a pintar o telhado e vereadores a formular projetos de lei pelo país.

"Faltou dizer que só pintar os telhados não baixava o calor. Deve-se usar o revestimento certo, que hoje já existe no mercado", diz Felipe Faria, diretor do GBC.


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