Folha de S. Paulo


Ativistas do Greenpeace fazem ato contra desmate em Roraima

Ativistas do Greenpeace protestaram nesta quinta (9) contra o aumento de focos de desmatamento no sul de Roraima, Estado que historicamente registra taxas relativamente baixas de devastação.

Cerca de 20 ativistas entraram em um desmate em Rorainópolis (263 km de Boa Vista) e abriram uma faixa de 30 m por 60 m com a inscrição "A falta de água começa aqui".

A área faz parte da fazenda Ressaca de São Pedro, que acumula R$ 488 mil em multas ambientais do Ibama. A retirada das árvores é feita pela RR Madeiras, alvo de investigação da Polícia Federal.

Marizilda Cruppe/Greenpeace
Faixa de 60m x 30m é mostrada em área de 360 hectares de mata destruída, no sul de Roraima

O desmatamento em Roraima tem ficado atrás só do mato-grossense, ultrapassando áreas tradicionalmente mais problemáticas, como o Pará.

Nos últimos meses, o Ibama fez duas grandes operações no sul de Estado, com 54 autos de infração. Em dezembro, a Polícia Federal deflagrou uma operação que levou a 49 mandados de busca e apreensão e 42 de condução coercitiva.

Laudo da PF aponta documentos fraudados para esquentar toras ilegais. No caso da RR Madeiras, o rastreamento de placas de veículos mostrou que a empresa incluiu na planilha motos e carros de passeio como se fossem caminhões. Uma Honda Biz teria transportado, em uma viagem, o equivalente a 14 grandes toras de madeira.
outro lado

Perto do final do protesto, o diretor da RR Madeiras, Saulo Zani, e o vice-presidente do Sindicato de Desdobramento e Beneficiamento de Madeiras de Roraima (Sindimadeiras), Oneber de Magalhães Queiroz, chegaram em uma camionete. "Esse pessoal do Greenpeace não planta a maconha que fuma", disse Queiroz.

Zani afirmou que uso de placas de motos nas planilhas foi erro de digitação e assegura que a empresa atua dentro da lei. O diretor mostrou a autorização, emitida via Ibama, para o desmate de 400 hectares e para a extração sustentável de madeiras em 1.215 hectares. A fazenda tem 5.017 hectares.

"A tendência é que o sul do Estado se torne o maior polo de pecuária de Roraima", diz o madeireiro Queiroz. Para ele, os constantes problemas de grilagem de terras na região repetem a prática em outras partes do país. "O Brasil inteiro foi colonizado assim."


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