Folha de S. Paulo


Ano de 2014 foi o mais quente já registrado, afirma Nasa

O ano de 2014 superou o de 2010 e é o mais quente já registrado desde 1880.

Além disso, desde 1976 a temperatura global está acima da média histórica do século 20. Isso significa que ninguém com menos de 36 anos conheceu um ano "frio" em comparação com o que viveram seus pais ou avós.

Chegaram a essa conclusão tanto a Nasa (agência espacial americana) quanto a Noaa –agência governamental americana dedicada aos oceanos e à atmosfera.

Editoria de Arte/Folhapress
PLANETA-ESTUFAMédias anuais das temperaturas registradas na Terra (em ºC)

Com isso, os dez anos mais quentes da história, com exceção de 1998, ocorreram depois da virada deste século.

Os cientistas atribuem isso ao aquecimento global, especialmente na temperatura dos oceanos, causado pelo aumento nas emissões de gases-estufa, como o CO2.

O ano de 2014 também abrigou os meses de maio, junho, agosto, setembro, outubro e dezembro mais quentes dos últimos 135 anos. No acumulado, o ano foi 0,69ºC mais quente do que a média do século 20, utilizada como referência para comparações.

O valor parece pequeno porque se refere à média da temperatura do planeta. Algumas regiões do globo, como o Sudeste brasileiro e boa parte da Europa ocidental, estiveram em 2014 mais de 2ºC mais quentes do que a média do século 20.

Em São Paulo, a estação meteorológica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que funciona a mais de 60 anos, registrou a maior temperatura da história no último 17 de outubro, marcando 37,2°C.

Para calcular a temperatura do planeta inteiro, são combinados os dados da temperatura dos oceanos (que cobrem aproximadamente dois terços do planeta) com a temperatura de terra firme.

Os pesquisadores utilizam, ao todo, dados de 6.300 estações meteorológicas, de medições nos oceanos por navios e de estações de pesquisa na Antártida.

TENDÊNCIAS

Desde 1880, a temperatura média da superfície da Terra aumentou 0,8ºC. A maior parte desse aquecimento ocorreu nas últimas três décadas.

Os cientistas consideram que, se a Terra aquecer mais de 2°C, o número de secas, furacões e enchentes aumentará perigosamente. Como nunca se emitiu tanto CO2 quanto na atualidade, a humanidade tentaria a atingir tal marca em poucas décadas.

Como a temperatura de um local em certo momento é determinada por sistemas complexos ("caóticos", no termo utilizado os cientistas), oscilações pontuais são muito frequentes. O mais importante, então, é conseguir analisar tendências de longo prazo, afirmou Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa.

O pesquisador afirma que impressiona o fato de o recorde ter ocorrido em 2014, ano que não teve o fenômeno El Niño –com ele, o oceano despeja uma quantidade enorme de calor na atmosfera, como aconteceu, por exemplo, em 1998, agora o quarto ano mais quente já registrado.

Schimidt disse que da próxima vez que um El Niño forte ocorrer, é provável que todos os recordes estabelecidos em 2014 sejam quebrados.

No final deste ano, negociadores internacionais se encontrarão em Paris para tentar fechar um acordo global que limite os gases-estufa na atmosfera. Antes disso, os países devem apresentar suas metas de emissões.


Endereço da página: