Folha de S. Paulo


Editorial do 'New York Times' alerta para o desmatamento na Amazônia

Em editorial intitulado "Perdendo terreno na Amazônia", o "New York Times" alerta para o desmatamento da Amazônia a partir de dados obtidos por um sistema global de mapeamento florestal desenvolvido por cientistas da Universidade de Maryland, do Google e do governo dos Estados Unido.

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Um sistema global de mapeamento florestal desenvolvido por cientistas da Universidade de Maryland, do Google e do governo dos Estados Unidos hoje é capaz de identificar exatamente onde e com que rapidez ocorre desmatamento em todo o mundo. Os resultados são alarmantes. O mundo está perdendo o equivalente a 50 campos de futebol de florestas a cada minuto.

No Brasil —que abriga 60% da floresta amazônica e é um componente importantíssimo do sistema climático mundial—, o índice de desmatamento subiu 28% em 2012-2013. Ambientalistas dizem que uma mudança promovida em 2012 nos regulamentos brasileiros que regem a conservação florestal é parcialmente responsável por isso.

O Brasil vinha fazendo avanços positivos. Do máximo de 27.433 quilômetros quadrados em 2004, o desmatamento tinha caído para 4.654 quilômetros quadrados em 2011; o número de toneladas métricas de dióxido de carbono liberadas na atmosfera também diminuiu, de 1,1 bilhão em 2004 para 298 milhões em 2011. Esses avanços foram frutos da implementação firme do Código Florestal brasileiro de 1965 e de uma moratória sobre a soja imposta em 2006, um pacto voluntário mediado pelo governo brasileiro, o agronegócio e grupos ambientais para prevenir a comercialização de soja cultivada em áreas desmatadas.

A soja não é a única causa do desmatamento no Brasil, mas é um fator importante. O Brasil é hoje o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos. A soja tem sido uma dádiva para a economia brasileira, e a demanda global é crescente. Sob pressão intensa de interesses agrícolas, em julho de 2012 a Câmara dos Deputados brasileira aprovou uma legislação que revogou muitas dos elementos do Código Florestal de 1965, reduziu a quantidade de áreas de reserva na Amazônia e anistiou violadores passados dos regulamentos.

Para crédito dela, a presidente Dilma Rousseff frustrou algumas das medidas mais prejudiciais contidas na nova legislação, mas o índice de desmatamento subiu, mesmo assim.

A moratória da soja foi prorrogada até o final de 2014, momento no qual o Brasil pretende já contar com novos mecanismos para fiscalizar o cultivo de soja em áreas desmatadas. Esses mecanismos precisam ser respaldados por implementação digna de crédito. E os países desenvolvidos precisam fazer mais para ajudar o Brasil, a Indonésia e outras nações cujas florestas estão em risco a proteger um recurso natural cuja preservação interessa a todos.

Tradução de CLARA ALLAIN


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