Folha de S. Paulo


IPCC realça diferença de impacto entre ricos e pobres

Comparado ao último relatório de avaliação do IPCC, de 2007, o novo tomo do grupo de trabalho 2 do painel dará mais ênfase a um fator de desequilíbrio: os países pobres serão as principais vítimas de um problema que, por enquanto, foi causado principalmente pelas nações ricas.

Isso, claro, se o texto preliminar do relatório que entra em discussão amanhã sobreviver a pedidos de alteração de países desenvolvidos. Isso vai influenciar o debate sobre quem pagará pelo dano.

Editoria de Arte/Folhapress
AMEAÇA GLOBAL - chamada
O mapa dos principais impactos da mudança climática, segundo o IPCC

"Na mudança climática, aqueles que criam o problema nem sempre são os que sentem os impactos dos problemas", diz José Marengo, climatologista do Inpe (Instituto Nacional de Estudos Espaciais), único representante do Brasil entre os autores do sumário não técnico do grupo 2 do IPCC. "Os impactos são maiores nos países tropicais de baixa latitude." O novo grupo 2 é bem maior e tem muito mais contribuição de cientistas do mundo em desenvolvimento, diz.

Marengo afirma também que foram tomadas precauções para evitar erros como um que aconteceu no documento de 2007, que citou uma previsão exagerada de derretimento do Himalaia, não baseada em estudos científicos revisados. A única literatura sem revisão científica formal a ser citada agora são dados publicados por governos ou pela própria ONU.

"O novo documento parece estar falando do fim do mundo, mas no final você lê que a redução de emissões é algo que tem de ser feito obrigatoriamente para que se atenue o aquecimento e se reduza os impactos", diz Marengo. "Isso prepara o terreno para o grupo 3, que vai discutir mitigação em abril."


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