Folha de S. Paulo


Viena aproveita linhas de bonde para ônibus elétrico

Viena está empregando uma antiga tecnologia para operar novíssimos ônibus elétricos que circulam pelas ruas estreitas do centro da cidade.

A capital austríaca está trocando seus ônibus movidos a gás liquefeito de petróleo por uma nova frota de ônibus elétricos que funcionam sem conexão, vão a qualquer lugar e recarregam suas baterias usando as linhas de energia suspensas dos antigos bondes. Doze desses ônibus, que podem transportar 40 passageiros cada um, já estão em serviço.

Viena é uma das várias cidades europeias que estão experimentando novos veículos e sistemas de infraestrutura elétricos em sua luta para equilibrar orçamentos apertados e metas ambientais. Essas novas tecnologias fazem parte de uma revolução em câmera lenta no trânsito urbano.

A Siemens, que fornecia tecnologia para os ônibus elétricos, está negociando com cinco cidades da Europa e duas da América do Sul que já têm linhas de bonde e poderiam adotar o sistema de Viena, disse Andreas Laske, do programa eBus na Siemens Rail Systems, em Berlim.

Os ônibus elétricos são mais caros, disse Anna Reich, da Wiener Linien, a empresa de transporte de propriedade da cidade. Mas houve economia, pois não foi necessário construir uma nova infraestrutura.

"Viena tem a quinta maior infraestrutura de bondes do mundo", disse Reich por telefone. "Queríamos usar a infraestrutura que já temos."

Os ônibus recarregam parcialmente sua energia por dez a 15 minutos entre trajetos, encostando em uma estação de bondes existente e se conectando a uma corrente elétrica.
À noite, as baterias recarregam totalmente na garagem.

A cidade diz que os ônibus -que são feitos pela empresa Rampini em Perugia, na Itália- vão reduzir suas emissões de dióxido de carbono em 272 toneladas por ano.

Um ônibus elétrico novo custa pelo menos 400 mil euros, ou cerca de R$ 1,18 milhão, o dobro de um ônibus a diesel comparável, disse Laske. Algumas despesas são compensadas pelos custos operacionais, geralmente 25% a 35% mais baixos por causa da economia em combustível e em manutenção.

Seus esforços foram influenciados por uma série de iniciativas da Comissão Europeia para enfrentar a mudança climática e reduzir a dependência de combustível importado.

A Comissão definiu a meta para os países membros de reduzir as emissões dos transportes em 60% até 2050. Os ônibus representam até 60% do transporte público na Europa. Deles, 95% usam gasolina ou óleo diesel.

As iniciativas ajudaram a promover uma série de inovações. A fabricante francesa Power Vehicle Innovation desenvolveu uma tecnologia de carregamento em trânsito que começará a ser testada com um ônibus no aeroporto de Nice, disse Epvre Delquié, diretor de marketing da PVI.

Barras de carregamento se projetam do ônibus para captar eletricidade de carregadores chamados totens, instalados no topo de abrigos de ônibus no percurso. Essas cargas de energia de dez segundos prolongam o alcance dos ônibus.

A PVI pretende vender e instalar cada totem por cerca de US$ 78 mil (R$ 171 mil). As autoridades europeias também estão trabalhando com fabricantes de bondes e trens para encontrar maneiras de conectar formas diferentes de transporte elétrico, de forma a economizar.

Mas os custos não foram a única consideração de Viena, segundo Reich. "Sempre quisemos ser mais verdes", disse ela. "Queríamos implementar algo novo e ajudar a melhorar a tecnologia."


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