Folha de S. Paulo


ONG quer fazer perfil de alunos e melhorar notas

O sucesso de uma pessoa é, em parte, determinado por características individuais como autoestima e persistência, que podem ser trabalhadas desde a infância. O desafio é saber como desenvolver essas habilidades na escola.

Um grupo do IAS (Instituto Ayrton Senna), ONG que trabalha com 2 milhões de alunos em 1.300 municípios do Brasil, está mapeando características de personalidade em crianças do país para ajudar a desenvolvê-las.

A ideia é que o trabalho ajude a formulação de políticas públicas para o desenvolvimento das chamadas habilidades "não cognitivas" na rede pública.

Em outras palavras, o ensino da tabuada e da gramática --habilidades cognitivas-- andaria de mãos dadas com atividades que promovam o trabalho em grupo, a concentração e a resiliência.

"Isso é importante na escola pública para diminuir a desigualdade social", explica a coordenadora de avaliação e desenvolvimento do IAS, Tatiana Filgueiras.

Ao todo, 55 mil estudantes de escolas públicas do Rio de Janeiro serão avaliados. A identificação é feita por meio de questionários com perguntas simples. Por exemplo, como a criança reage a um obstáculo ou de que forma lida com frustrações.

A fase final da pesquisa deve acontecer em agosto. Os resultados estão previstos para o final deste ano.

FAZENDO AS CONTAS

O desenvolvimento da inteligência emocional é também fundamental para que o aluno desenvolva as atividades cognitivas, como a própria matemática.

"A criança é constituída de muitas habilidades que estão interconectadas com a esfera afetiva, comportamental e relacional", diz o psicólogo Fábio Villela, do Departamento de Educação da Unesp de Presidente Prudente.

Um problema em matemática, por exemplo, pode estar mais ligado a questões como ansiedade ou instabilidade emocional do que ao ensino dos números em si.

Entender essa relação e saber como melhorar é especialmente importante no cenário brasileiro.

O país está em 56º lugar em desempenho de matemática em uma lista de 65 países avaliados no Pisa (Programa de Avaliação Internacional dos Estudantes da OCDE).


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