Melhor universidade do país, a USP (Universidade de São Paulo) vem caindo em rankings globais de ensino superior como THE (Times Higher Education) –o principal que existe.
O resultado, no entanto, não reflete a piora da instituição brasileira, mas a melhora acelerada de outras escolas.
Para ter uma ideia, no período de 2011 a 2015 a USP aumentou em 20% a sua produção científica –um dos quesitos avaliados pelo THE. Mesmo assim, caiu do 178º lugar no mundo (era a única brasileira no top 200, em 2011) para o grupo de universidades 201º-250º no THE de 2015.
Isso ocorre porque universidades de outros países estão produzindo mais e mais rápido do que as brasileiras.
É o caso da China, onde o governo tem feito investimento massivo em ensino superior e destinando recursos extras a nove universidades. Entre as estratégias estão a contratação de professores estrangeiros renomados e a injeção de muito dinheiro nas ciências naturais (de alto impacto mundial). Tem dado certo.
Em 2011, a China tinha duas universidades (Pequim e Tsinghua) entre as 200 melhores do mundo no THE. Hoje, tem sete no top 200 da listagem –a Universidade de Pequim chegou ao 27º lugar em 2017.
A Rússia segue o caminho: está colocando dinheiro extra em cinco escolas. A meta é que estejam entre as cem melhores do mundo até 2020.
"As iniciativas de excelência estão se proliferando", diz Lara Thiengo, autora de uma tese de doutorado sobre universidades de nível mundial na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
"Há iniciativas na Alemanha, na Espanha, na França e na África –com incentivo do Banco Mundial."
Intensificar recursos em universidades tem efeito cascata. Influencia todo o sistema de ensino superior do país.
Na contramão, o Brasil corta verba para o ensino superior. O MCTIC, pasta federal de ciência que financia pesquisa científica, perdeu metade do seu orçamento desde 2014. Além disso, aqui não há investimento extra estratégico em universidades de nível mundial como a USP.