Folha de S. Paulo


Dilma evita melindrar senadores em possível discurso final como estadista

Ao apresentar pessoalmente aos senadores sua defesa durante sessão do processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff tomou o cuidado em ser muito cordata. Essa é a avaliação da repórter Daniela Lima, da sucursal de Brasília, em transmissão da "TV Folha".

Para comentar o discurso de 45 minutos e meio de Dilma feito nesta segunda (29), a mesa contou com a participação da jornalista e dos repórteres especiais da Folha Fernando Canzian e Mario Cesar Carvalho.

"O momento é de uma gravidade histórica muito grande e ela não consegue traduzir isso em momento algum. A impressão que dá é que ela fica ali cumprindo tabela para ir embora", diz Carvalho ao comentar a postura da presidente afastada.

Daniela, no entanto, avalia que há, de fato, "uma sensação de que o jogo está jogado, mas também Dilma está tomando muito cuidado para não melindrar mais os senadores". Para a jornalista, a petista vê na oportunidade a última "de aparecer como uma estadista".

A repórter Mariana Haubert também participou da transmissão e destacou a firmeza de Ricardo Lewandowski na condução da sessão.

No discurso, Dilma afirmou que não cogitou renunciar, disse que "a traição, as agressões verbais e a violência do preconceito" a assombraram, "mas foram sempre superadas pela solidariedade, apoio e disposição de luta de milhões de brasileiros".

A presidente afastada fez ainda um apelo final. "Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira".

Dilma está afastada há quase quatro meses, desde que o Senado aceitou o processo e Michel Temer assumiu interinamente a Presidência. Ele diz já ter os 54 votos mínimos necessários para ser confirmado no cargo.

A petista é acusada de editar, em 2015, decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso e de usar dinheiro de bancos federais em programas do Tesouro, as chamadas "pedaladas fiscais".


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