Folha de S. Paulo


Reinaldo Azevedo: Carta de Temer mostra grau de deterioração nunca visto

"A carta [de Michel Temer] mostra grau de deterioração nas relações que nunca se viu. A carta, por mais que ela tenha aspectos ingênuos, marca um momento de rompimento, de que acabou. Ele não tem mais solidariedade com ela [Dilma]", diz o colunista da Folha Reinaldo Azevedo.

Ele participou da transmissão ao vivo da "TV Folha" desta terça-feira (08) com o editor de "Poder", Fábio Zanini, e o repórter especial Fernando Canzian.

Com termos duros, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) enviou uma carta ao gabinete de Dilma Rousseff na qual afirma que sempre teve "ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB". Ele diz que passou os primeiros quatros anos de governo como "vice decorativo".

Temer começa dizendo que a palavra voa, mas o escrito fica. Por isso, diz, preferiu escrever. Avisa então que está fazendo um "desabafo" que deveria ter feito "há muito tempo".

Canzian relembra que, há meses, Temer veio à tona dizer que poderia ser a peça para unificação. E que agora, nesse contexto, essa carta faz todo o sentido.

Zanini destacou outra frase emblemática de Temer, quando o vice disse que nenhum governo aguenta tanto tempo levanto paulada assim. "O último passo a ser dado é o Temer claramente dizer que defende o impeachment", diz Zanini.

Sobre a incógnita acerca do recesso parlamentar, que o governo tenta suspender para acelerar a tramitação do processo, Zanini opina que mesmo sem recesso as manobras protelatórias impedirão uma votação rápida. "Em dezembro, que era o desejo inicial do governo, já não vai ser. Eu diria que o mais próximo é primeira quinzena de janeiro", destacando que em havendo recesso, será por março ou abril.

CUNHA

Sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que adiou a escolha dos membros da comissão do impeachment, pouco tem se falado nos últimos dois dias, concordam. "Depois que ele lançou a bomba atômica, o PT no Conselho de Ética está desobrigado a apoiá-lo. Ele tem a caneta e manobra de regimento, mas a situação dele está muito desconfortável", diz Zanini.

"Pode atrasar, mas tem destino líquido e certo. Se ele não for cassado na Câmara, vai ser condenado no Supremo. Vai ser cassado e vai ser preso", diz Reinaldo. "Quanto estrago ele pode fazer até lá para os adversários dele... Eu não gostaria de tê-lo como inimigo", afirma Reinaldo.


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