Folha de S. Paulo


Museu na Argentina lembra o 'Che menino', com fotos de sua infância

Ernestito, que mais tarde o mundo conheceria como Che, revolucionário e ídolo de uma juventude, nasceu em Rosario, mas deveria ter vindo ao mundo em Buenos Aires. A natureza falou mais alto, e a longa viagem de barco desde a então quase selvagem Caraguatay, onde a família morava, teve de ser interrompida no meio do caminho.

Celia, a mãe, precisava ser atendida imediatamente. Era o mês de maio de 1928, e o nascimento do menino foi o primeiro fruto de uma jornada de romance e rebeldia.

Filha de família tradicional de Buenos Aires, a moça já estava grávida quando casou com o engenheiro Guevara, paixonite estudantil.

O jovem casal se mudou para Caraguatay, na província de Misiones, onde Guevara pai tinha uma fazenda de erva-mate.

O terreno às margens do rio Paraná, ainda hoje cheio de árvores nativas e pequenos animais, é atualmente território público, o parque provincial Ernesto Che Guevara. Lá está instalado o Museo y Centro de Documentación Ernesto Che Guevara, mais conhecido como a Casa de Che.

Apesar do grande cartaz instalado às margens da Ruta 12 –rodovia nacional que corta a província de Misiones–, o museu em si é bem simples e pequeno. Chega-se a ele rodando 5 quilômetros por uma estradinha de terra, que rasga a floresta.

O absoluto despojamento do prédio pode decepcionar o visitante. É que a construção foi feita à imagem e semelhança da casa onde a família Guevara morou do final de 1927 a 1932 –as ruínas da morada original estão a algumas centenas de metros dali, e o acesso é feito por uma trilha no meio do mato.

ORGULHO REGIONAL

Ao entrar no museu, o visitante vê uma peça de madeira que traz a orgulhosa inscrição: "Caraguatay, aqui começou a história". Para comprovar, se espalham pelas paredes reproduções de imagens da infância do futuro revolucionário, cenas da vida familiar no meio daquele território selvagem e apaixonante.

As fotos do Che menino são a maior riqueza do museu e razão de deleite para admiradores da revolução cubana.

Ele aparece ao lado da mãe, no colo do pai e dando os primeiros passos. Há ainda uma cena de pura gostosura, um banho nas águas do arroio Salamanca, que corre atrás da casa e onde o turista também pode se refrescar.

É bom também passear pela varanda, nos fundos da casa, e dedicar alguns momentos para apreciar a paisagem. Há muito verde e, ao fundo, rola o poderoso rio Paraná.

Na frente da casa, há um pequeno jardim com outras homenagens ao patriarca. Nele, há algumas árvores plantadas pelos filhos do Che pra celebrar o lar missioneiro de Guevara.


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