Folha de S. Paulo


Barbados em doses: um tour por três destilarias de rum na ilha caribenha

Com apenas 431 km² de extensão, a ex-colônia inglesa Barbados é pontuada por praias de águas cristalinas e paisagens de tirar o fôlego.

Se isso é o esperado de uma ilha caribenha, chama a atenção na ilha o número de "rum shops", bares simples que servem o destilado.

Oficialmente, são mais de 1.500 estabelecimentos do gênero, mas há quem diga que chegam a 12 mil.

O rum é produzido no país há mais de 300 anos, por isso os barbadianos propagam a ilha como o "local de nascimento" da bebida.

Ela teria sido criada por volta de 1645, cerca de 20 anos após o estabelecimento da colonização inglesa, que favoreceu as culturas de tabaco, algodão e açúcar no local.

Principal matéria-prima do destilado, o melaço é um subproduto da fabricação de açúcar. Em contato com a água, cria a fermentação que dá origem ao destilado.

Além da história, a formação de Barbados também influenciou a bebida local. Ao contrário da maioria das ilhas do Caribe, ela não é vulcânica. Seu solo é composto por sedimentos do fundo do oceano cobertos por calcário de coral, uma pedra porosa que age como filtro natural para a água. Esse processo garantiria sabor único à água e, por consequência, ao rum.

A localização da ilha foi outro fator para a história da bebida. No leste do Caribe, Barbados virou portão de entrada para quem vinha do oceano Atlântico.

Os navios que paravam para descansar ali tiveram dois papéis fundamentais: popularizaram o rum no Velho Mundo e descobriram o aperfeiçoamento do sabor após períodos de armazenagem em barris, obrigatórios durante as viagens de retorno.

Editoria de Arte/Folhapress

DESTILARIAS

O rum é, ainda hoje, um dos principais atrativos locais. São quatro grandes destilarias: a Mount Gay, que afirma ser a mais antiga do mundo ainda em funcionamento, a Foursquare Rum Factory & Heritage Park, a St. Nicholas Abbey Plantation e a West Indies Rum Distillery.

As três primeiras fábricas estão abertas para visitação –sendo a Mount Gay também a mais procurada, especialmente por turistas que chegam à ilha em navios de cruzeiros. A West Indies, que produz os rótulos Malibu e Cockspur, fica mais escondida e não recebe turistas nem sob insistência.

Veja o que oferece cada visita. A melhor dica mesmo é ir a todas as destilarias, já que oferecem experiências diferentes e complementares:

NO FIM DO PASSEIO, PERSONALIZE SUA GARRAFA COM UMA SERIGRAFIA

A casa principal da St. Nicholas Abbey, construída em 1658, abriga antiguidades com mais de 300 anos. A destilaria, em funcionamento desde 2009, é de pequeno porte e fabrica cerca de 1.500 litros por ano. Como não produz açúcar, usa um xarope para provocar a fermentação.

Como é o tour?
Em uma ilha praticamente plana, subir a Cherry Tree Hill proporciona vista única da costa. O tour dá uma visão geral sobre a história do local. Há a exibição de um filme de 1935 que mostra a vida na ilha e o percurso em navio para chegar até ela na época. Na saída, degustação dos três rótulos e tempo livre para explorar a destilaria. Ao comprar a bebida, peça para personalizar sua garrafa com serigrafia.

QUANTO R$ 48
MAIS stnicholasabbey.com

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MOUNT GAY AFIRMA SER A FÁBRICA MAIS ANTIGA EM FUNCIONAMENTO

A Mount Gay afirma ser a destilaria em funcionamento mais antiga do mundo. A "prova" é um documento de 1703, emoldurado na parede da sede, que confirma a existência de uma destilaria de rum comercial na mesma propriedade em que opera até hoje. Oficialmente, o nome Mount Gay só foi adotado cerca de cem anos depois. A marca é propriedade da francesa Rèmy Cointreau, que vende o rótulo em 110 países.

Como é o tour?
Próximo ao porto de Bridgetown, o centro que recebe visitantes é afastado da plantação e da produção, localizada em St. Lucy. Com um copo de rum punch em mãos, o turista é convidado a entrar em uma sala com antiguidades e réplicas, onde o guia discorre sobre a história da marca e do rum na ilha. Em outro cômodo, um filme explora o processo de fabricação. Depois, há a degustação de três rótulos.

Ainda é possível observar o processo de envasamento de parte da produção, que é feito no local. No fim, os visitantes são convidados a aproveitar mais alguns drinques, pagos à parte, e explorar a lojinha de suvenires. Às terças e quintas, oferece o tour com almoço (R$ 170; é preciso reservar) em um agradável terraço.

As bebidas costumam ser mais baratas aqui. Aproveite.

QUANTO R$ 27,50
MAIS mountgayrum.com

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TOUR GRATUITO NA FOURSQUARE TEM ESPÉCIE DE CAÇA AO TESOURO

Fundada em 1996, a Foursquare Rum Factory & Heritage Park fica em uma antiga fábrica de açúcar de 1636. O prédio e os arredores foram reformados pelos atuais donos, de uma família com tradição de quase 200 anos na produção de rum. Entre os rótulos, há opções com especiarias e o licor local Falernum, que mistura água, açúcar líquido, suco de limão e essências de amêndoa e cravo.

Como é o tour?
A Foursquare causa estranhamento na chegada. O visitante passeia sozinho pelo local e fica sem saber se está no lugar certo. Passada a dificuldade inicial, o tour "independente" se torna uma espécie de caça ao tesouro que adiciona graça à visita.

Entre na fábrica e acompanhe a produção, com explicações didáticas escritas em inglês.

Siga para o bar, em um edifício de 1737. A degustação de nove rótulos é cheia de explicações sobre as nuances das bebidas e sobre a história local. Além da fábrica, a propriedade abriga museu de máquinas e réplica de uma antiga área de envasamento e um estúdio de fusão de vidro.

Dica: pergunte ao bartender se é possível almoçar pela região. Com sorte, ele ligará para uma cozinheira e seu almoço será farto, com comida local, além de barato (cerca de R$ 14).

QUANTO gratuito; a degustação custa R$ 27,50
MAIS bit.ly/1Buxrgc


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