Folha de S. Paulo


Hotéis se inspiram em empresas aéreas e aumentam taxas

Nos últimos anos, o setor de aviação gerou bilhões de dólares em receita com a cobrança de valores adicionais às passagens básicas. Agora, o setor de hotelaria parece estar adotando a mesma ideia.

Duas companhias mundiais de hotelaria, Marriott e Hilton, recentemente anunciaram que ampliariam seus lucros com taxas ao adotar normas mais severas sobre cancelamento tardio de reservas –viajantes de negócios estão acostumados a cancelar diárias sem pagar multa até as 18h do dia de chegada.

A partir de 1º de janeiro, isso será coisa do passado, nas duas empresas. Elas informam que se o hóspede cancelar sua reserva no dia anterior à data inicial marcada, pagará multa no valor de uma diária.

"Estamos adotando essa mudança para colocar mais quartos à disposição dos hóspedes quando precisam de quartos de última hora", informou o Hilton. A Marriott não respondeu à reportagem.

Em hotéis das redes que já cobravam multa de cancelamentos tardios, a norma não mudará. O Hilton de São Paulo, no Morumbi (zona oeste da capital), cobra o valor de uma diária de hóspedes que cancelam até 48 horas antes do horário previsto para check-in.

Os hotéis americanos geraram cerca de US$ 163 bilhões (R$ 429 bilhões) em faturamento em 2013, segundo a Associação Americana de Hotéis e Hospedagem, ante cerca de US$ 200 bilhões (R$ 520 bilhões) das companhias de aviação do país (dado do Departamento do Transporte).

Mas os hotéis não são nem de longe tão agressivos quanto as empresas aéreas na cobrança de taxas adicionais.

EM ALTA

Uma tendência que está levando os hotéis a apertar suas normas é que o número de cancelamentos está em alta.

Normas que permitiam cancelamento até as 18h do dia de chegada, sem multas, foram o padrão de muitos hotéis de negócios por mais de uma década. Embora na maioria dos hotéis a multa seja em valor equivalente a uma diária, "em certos resorts ela pode equivaler a três diárias; e há lugares em que a multa é pelo valor integral da estadia planejada", diz Hanson.

Os índices de ocupação dos hotéis estão "em um pico histórico", afirma Robert Mandelbaum, diretor da consultoria PKF Hospitality Research. "O pêndulo agora se inclinou para o lado da hotelaria. Sua capacidade de ditar preços e normas é muito maior agora."

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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