Folha de S. Paulo


Não vejo ninguém parecido comigo, afirma Pepe, segundo maior artilheiro do Santos

Maior vencedor da história do Campeonato Paulista, do Campeonato Brasileiro e segundo maior artilheiro do Santos (ficando atrás apenas de Pelé), Pepe venceu as Copas de 1958 e 1962.

Momento inesquecível. Quando recebemos a taça do rei da Suécia, em 1958. Foi incrível! Nunca tinha visto um rei na minha vida, ainda mais entregando Copa, né? Lindo!

Momento para esquecer. Para esquecer, nas duas Copas, foi a minha falta de sorte. Tanto em 58, quando uma contusão no tornozelo me tirou da Copa toda; como em 62, quando torci o joelho direito num amistoso contra o País de Gales [ficando como reserva no Mundial]. Mas, no geral, sinto-me muito feliz por, tantos anos depois, ainda ser lembrado.

Concentração. Tanto em 58, o [técnico] Feola (1909-1975), como em 62, o [técnico] Aimoré (1912-1998), formaram dois grupos que se destacavam não só pelo futebol que jogavam mas também pela categoria e educação. Em 1958, do Santos, fomos eu, o Zito e o Pelé, e a gente logicamente tinha um contato muito maior. Mas também fizemos amizade, principalmente com o pessoal do Botafogo, com quem a gente jogava toda hora --Garrincha (1933-1983), Didi (1928-2001), Zagallo. O Mazzola também era nosso amigo, e o Dino Sani, do São Paulo. Nossa distração, nas concentrações, eram os jogos: jogo de botão, pebolim... O Pelé jogava muito bem o tal do pebolim! Além disso, em 62, nós ficamos em Quilpué, no Chile, num lugar maravilhoso, tipo uma fazenda. A gente podia passear bastante, havia gado, muitas criações, lagos muito bonitos... O Garrincha, por exemplo, se distraía pescando... Só apanhava as minhocas, não pescava nada!

Quem pode ser o Pepe de 2014? Olha, houve um momento no futebol em que acabaram com os ponteiros. Hoje em dia, a gente não vê mais um ponta-esquerda, um ponta-direita chegar do fundo, como chegava. E hoje não há ponteiros. Então, eu não vejo mais ninguém parecido comigo, com toda a certeza.

O que faz hoje? Estou com 78 anos, graças a Deus, com saúde. Agora, vejo os jogos pela televisão todos os dias. Moro em Santos e, às vezes, vou à Vila Belmiro, ver o jogo do Santos. Mas jogar, não jogo mais. Também acompanho a carreira do meu filho mais velho, que hoje é treinador das equipes de base do Santos Futebol Clube --o Alexandre Marcia, chamado de Pepinho. Sou casado há 45 anos, tenho quatro filhos e cinco netos, e sou muito feliz.


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