Folha de S. Paulo


China ultrapassa os EUA no ranking mundial de supercomputadores

Li Xiang/Xinhua
Sunway TaihuLight, supercomputador chinês
Sunway TaihuLight, supercomputador chinês

A China ultrapassou os Estados Unidos no ranking mundial dos maiores supercomputadores, o que destaca as ambições do país de reforçar ainda mais o seu poderio na computação e fabricação nacional de chips.

Pela primeira vez, o supercomputador mais veloz do planeta foi produzido inteiramente com processadores fabricados na China, em contraste aos três anos precedentes, nos quais a máquina mais veloz do mundo foi produzida na China mas usava chips norte-americanos.

Supercomputadores são tipicamente usados por governos e instituições de pesquisa para computações altamente complexas em áreas que variam da energia nuclear à astrofísica e às ciências biológicas.

O número de supercomputadores instalados na China também ultrapassou o número dessas máquinas nos Estados Unidos, de acordo com o ranking TOP500, publicado na segunda-feira (20).

O supercomputador que lidera o ranking, o Sunway TaihuLight, foi produzido em Wuxi, no leste da China, pelo Centro Nacional de Pesquisa de Computação Paralela e Engenharia, uma organização bancada pelo Estado.

Ele tomou o posto do Tianhe-2, um sistema chinês montado com chips da Intel que liderava o ranking há alguns anos. No ano passado, os Estados Unidos proibiram a Intel de fornecer chips mais rápidos para o Tianhe-2 por motivos de segurança nacional.

"A lista mais recente marca a primeira ocasião desde o surgimento do TOP500 em que os Estados Unidos não abrigam o maior número de sistemas", afirmaram os autores do ranking. "Com a disparada nas instalações industriais e de pesquisa registrada nos últimos anos, a China agora lidera com 167 sistemas, ante os 165 dos Estados Unidos".

A Europa também caiu no ranking, e está atrás da Ásia e dos Estados Unidos em termos de número de supercomputadores.

Embora a China tenha realizado grande progresso no desenvolvimento de chips como os usados nos supercomputadores, o país ainda é grande importador de chips de memória, e isso foi identificado como prioridade estratégica por Pequim.

Pierre Ferragu, analista de tecnologia na corretora Bernstein, disse que o ranking mostrava que a China estava "desenvolvendo todas as peças necessárias para criar uma cadeia de valor independente no campo dos semicondutores".

Mas ele acrescentou que as companhias chinesas de tecnologia ainda têm muito a avançar para desenvolver um ecossistema comercial pleno para os chips, capaz de desafiar companhias como a Intel e a ARM. "O país ainda precisa provar que é capaz de desenvolver capacidades avançadas de produção", ele disse.

As companhias chinesas de tecnologia estão cada vez mais ativas na aquisição de fabricantes estrangeiros de chips, ou de participações acionárias neles, em meio a um período de consolidação para o setor.

No ano passado, a Tsinghua Unigroup estudou fazer oferta de US$ 23 bilhões pela Micron Technologies, e mais tarde fechou acordo para adquirir participação acionária na Western Digital, mas nenhuma das duas transações foi concluída.

A China Resources Microelectronics e a Hua Capital Management também fizeram oferta pela Fairchild, alguns meses atrás, mas a companhia norte-americana rejeitou a proposta afirmando que ela sofria riscos de rejeição pelas autoridades regulatórias dos Estados Unidos.

Outros supercomputadores que lideraram o ranking incluem máquinas da IBM, Fujitsu e Cray. A Intel forneceu os processadores para mais de 90% das máquinas do ranking.

O ranking TOP500 é publicado por Erich Strohmaier e Horst Simon, do Lawrence Berkeley National Labs; Jack Dongarra, professor de ciência da computação na Universidade do Tennessee; e Martin Meuer, do ISC Group.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


Endereço da página: