Folha de S. Paulo


Empresas adulteram extensões do Chrome para exibir propaganda

O Google removeu da loja de extensões (ou "add-ons") para seu navegador Chrome dois aplicativos que haviam sido adicionadas de código malicioso para exibir propagandas a seus usuários de uma maneira que violava os termos de uso da empresa. A prática, segundo internautas que usam o navegador, não é incomum.

As duas extensões, chamadas "Add to Feedly" e "Tweet This Page", haviam sido adquiridas de seus respectivos desenvolvedores por empresas que as alteraram para que uma janela "pop-up" saltasse à tela o tempo todo, além de forçar o redirecionamento de links para páginas de produtos.

O desenvolvedor do "Add to Feedly", Amit Agarwal, escreveu um post em seu blog em que conta ter recebido uma quantia superior a US$ 10 mil e inferior a US$ 100 mil pela extensão, à qual havia dedicado "uma hora de trabalho".

Divulgação
Versão alternativa da
Versão alternativa da "Add to Feedly", com funcionamento semelhante à que foi adulterada

Um mês mais tarde, a pessoa que adquiriu o aplicativo –provavelmente representante de uma empresa que vende serviços de propaganda indesejada, como aponta o site especializado no tema "Ars Technica" fez uma atualização no aplicativo, implementando o código malicioso.

Os cerca de 32 mil usuários da extensão se revoltaram, e relataram na página de download que haviam desativado o "Add to Feedly", que passou a infestar o navegador com propagandas.

Desde então, uma versão alternativa do "Add to Feedly" foi publicada, prometendo ser livre de publicidade indesejada.

O Google disse ao "Ars Technica" que mudará seus termos de serviço em junho para impedir que qualquer extensão sirva a mais de um propósito, o que determinaria que desenvolvedores não poderiam instalar ferramentas de monitoração de navegação ou de publicidade em um aplicativo não planejado para isso, seja essa prática explicitada ou não.

O caso não é isolado. O criador de uma extensão com cerca de 1 milhão de usuários, "Hover Zoom", discutiu publicamente com usuários depois de ter alterado o programa para que ele exibisse propagandas em determinadas páginas da web, relata o "Wall Street Journal".

Outro desenvolvedor, esse da extensão chamada "Honey", com 300 mil usuários, escreveu no Reddit que, "durante o ano passado, fui abordado por empresas de vírus que tentaram comprar a extensão, empresas de dados que tentaram comprar informações dos usuários, e companhias de propaganda indesejada que tentaram fazer uma parceria conosco." Ele diz ter negado todas.

O "WSJ" nota que o problema não é uma exclusividade do Chrome: o Firefox, navegador da Mozilla outrora celebrado por ser o único com extensões realmente úteis, também tem a mazela. O desenvolvedor de uma extensão chamada "Autocopy" disse que vendeu o programa à empresa Wips.com, que adicionou a capacidade de monitorar tudo o que o usuário visitava.

Uma extensão é um pequeno programa que altera o funcionamento de um navegador, geralmente adicionando uma capacidade. Algumas delas, em especial se complexas ou desenvolvidas de maneira grosseira (ou, ainda, adulteradas), podem causar lentidão.

Extensões que comprometem o Chrome podem ser denunciadas na loja de aplicativos por meio do botão "relatar abuso", na aba "detalhes".


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