Folha de S. Paulo


EUA estudam permitir ligações de celular durante voos

A Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC) anunciou nesta quinta-feira (21) que proporá mudar as regras para permitir aos passageiros fazerem chamadas de seus telefones celulares e usar os pacotes de dados de internet durante os voos.

A proposta permitiria o uso de telefones celulares assim que o avião superar os três mil metros de altura (dez mil pés), mas manteria as restrições durante a decolagem e a aterrissagem.

"Hoje enviamos uma proposta para expandir o acesso e as possibilidades dos consumidores para o uso de telefonia celular de banda larga durante o voo", disse o novo presidente da FCC, Tom Wheeler.

"As tecnologias modernas podem proporcionar serviços celulares no ar de forma segura e confiável, e este é o momento correto para revisar nossas defasadas e restritivas regras", argumentou.

A proposta será debatida durante uma reunião de dezembro da FCC, que conta com cinco membros da comissão, três democratas e dois republicanos.

Wheeler, que é democrata, precisará do apoio da maioria da comissão para aprovar a proposta, que não necessita do apoio do Congresso e que seria votada após um período de coleta de comentários do público, o que estenderá o processo provavelmente por alguns meses, informou o jornal "Washington Post".

A medida aproximaria a regulação dos EUA à da Europa, já que na semana passada a Comissão Europeia (CE) deu sinal verde para as companhias aéreas permitirem aos passageiros utilizar as redes 3G e 4G para se conectarem a internet durante os voos assim que o avião superar os três mil metros de altitude.

Por enquanto a FCC permite o uso dos telefones celulares somente em "modo avião" durante o voo, ou seja, com acesso às chamadas e aos dados completamente restrito.

Se aprovadas as novas regras, as companhias aéreas estariam autorizadas a instalar equipamentos especiais para enviar sinais de acesso sem fio do avião à terra, provavelmente através de uma conexão por satélite, indicou o "Post".

O anúncio causou reações rachadas também entre as companhias aéreas, apurou o "Wall Street Journal".

A Delta Air Lines disse que não permitirá chamadas em seus aviões, embora aprovem as novas regras, já que "anos de comentários dos clientes" mostram que "o sentimento majoritário é continuar com uma política que não autorize comunicações de voz durante o voo".

Por outro lado, a companhia aérea de baixo custo JetBlue assinalou que reavaliará sua política, apesar da experiência com os clientes "indicar que pode ser que as pessoas não queiram", mas tratará de encontrar um equilíbrio entre "os que querem o serviço celular e os que gostam da tranquilidade e do silêncio" no avião.

COMISSÁRIOS DE BORDO

A AFA (Associação dos Comissários de Bordo dos EUA, na sigla em inglês) não gostou da proposta. "Entendemos a importância de se manter um ambiente calmo dentro do avião. Qualquer situação barulhenta, divisiva ou possivelmente disruptiva não só não é bem-vinda como também insegura."

O grupo citou pesquisas e estudos conduzidos ao longo de muitos anos para argumentar que a maioria dos viajantes "quer manter o banimento a ligações dentro dos aviões".

A FCC fez uma proposta similar em 2004 e a retirou em 2007 por causa das queixas de assistentes de voo e outros grupos, que argumentavam que as chamadas em voo seriam um transtorno.

Em outubro, a Direção de Aeronáutica Civil (FAA) dos EUA aprovou o uso de tablets, DVDs e videogames durante o decolagem e a aterrissagem.


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