Folha de S. Paulo


Acusado de abandonar prefeitura, Doria promove ações com Crivella

Vídeo de Doria

Na semana em que viu sua popularidade despencar nove pontos em pesquisa do Datafolha e se envolveu em rusga agressiva com um cacique tucano, o prefeito de São Paulo, João Doria, inaugurou uma nova estratégia para tentar reverter a pecha de que só está preocupado com sua postulação à vaga do PSDB na disputa presidencial de 2018.

Doria recebeu o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), para receber a doação de um aplicativo de táxis em uso na capital fluminense. Depois, postou em sua conta no Facebook um vídeo promovendo a parceria e anunciando que no dia 31 o Rio irá adotar, com sua presença, uma versão do programa de redução de filas Corujão da Saúde.

O discurso foi modulado como propositivo e, ao mesmo tempo, dando o tom de preocupação com problemas nacionais. A única referência às questões da semana estava indiretamente na fala de Crivella, que disse ser importante evitar "controvérsias e vaidades".

O clima está ruim para Doria no PSDB paulista, mas o governador Geraldo Alckmin, seu padrinho e rival na disputa pela indicação, está evitando esticar demais a corda após o entrevero entre o prefeito e o vice-presidente da sigla, o ex-governador paulista Alberto Goldman. Há a avaliação de que é necessário manter o prefeito no barco tucano, de preferência como candidato a governador ou ficando na cadeira.

Dois aliados de Alckmin, contudo, avaliaram que Doria poderá se aproveitar do ambiente espinhoso para justificar a saída do partido, caso não consiga a indicação. Para eles, o prefeito não vai desistir de seu plano presidencial, e considera ter legenda no DEM e no PMDB se isso for necessário. Doria, quando é perguntado sobre o tema, desconversa, mas pessoas de seu entorno têm a mesma sensação.

Seja como for, a queda indicada no Datafolha assustou sua equipe. Ela coincidiu com o início das viagens de Doria pelo país, mas a crítica de Goldman de que ele não exerce o mandato é o que mais preocupa —uma má gestão, ainda que ele esteja com números superiores aos da maioria de seus antecessores, dificulta a venda de sua marca no mercado nacional ano que vem.

Com isso, iniciativas como a promovida com Crivella tendem a se repetir. Ambos, para alívio de alguns aliados do prefeito paulistano, evitaram contudo unir força retórica na área de comportamento. Os dois vocalizaram críticas nas recentes polêmicas sobre exposições de arte (Doria contra o nu do MAM e Crivella negando aceitar o Queermuseu no Rio).


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