Folha de S. Paulo


Procurador que foi preso deve ser ouvido em CPI

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 16-09-2017, 12h00: O procurador Angelo Goulart Villela, que foi envolvido na operação decorrente da delação da JBS e chegou a ser preso, durante entrevista exclusiva à Folha. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***ESPECIAL*** ***EXCLUSIVO***
O procurador Ângelo Villela

O procurador da República Ângelo Villela deve ser um dos integrantes do Ministério Público Federal a ser ouvido pela CPI da JBS, segundo o relator da comissão, deputado Carlos Marun (PMDB-MS).

"Eu já tinha curiosidade e fiquei mais curioso [em ouvi-lo]. Muito provavelmente vai ser aprovada sua convocação", disse Marun após a Folha publicar nesta segunda (18) entrevista com Villela.

O procurador disse que Rodrigo Janot fez o acordo de delação com a JBS com o objetivo de derrubar o presidente Michel Temer e impedir a nomeação de Raquel Dodge para substituí-lo na Procuradoria-Geral da República.

A intenção da CPI de chamar Villela para depor foi revelada pelo "Painel".

Marun é um dos principais defensores de Temer na Câmara. Sua escolha para relator é vista como tentativa do governo de constranger Janot.

Villela passou 76 dias preso por determinação do Supremo Tribunal Federal por suspeita de ter recebido R$ 50 mil para dar informações privilegiadas a executivos da JBS.

Dos 141 requerimentos apresentados por deputados e senadores à comissão, quatro são para que Villela seja convocado.

As declarações do procurador, que responde a acusações apontadas por Janot, são vistas como essenciais por deputados e senadores que vêm na CPI potencial de desacreditar delações fechadas pelo ex-procurador-geral.

Um dos autores de requerimento de convocação de Villela, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) nega que o objetivo seja esse. "A CPI deve buscar pessoas que ainda não foram ouvidas. Foi adotado um mesmo procedimento em relação à JBS muito semelhante das delações do Sérgio Machado, do Delcídio do Amaral. Precisamos entender o modus operandi da Lava Jato", disse.

O deputado Delegado Francischini (SD-PR), sub-relator que cuidará da apuração das delações, disse que Villela já havia "mandado recado" para parlamentares, demonstrando desejo de ser ouvido. "Alguém conseguiu dar voz para ele?", indagou.

Francischini pondera que ele deve comparecer na condição de investigado. "Não podemos usar um investigado para fazer acinte contra as autoridades que promovem as investigações."

De acordo com Marun, que apresenta na próxima quarta (20) o plano de trabalho da CPI, os requerimentos de oitiva devem ser priorizados no calendário de atividades.


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