Folha de S. Paulo


Padilha diz que votação de denúncia contra Temer pode ficar para agosto

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta quinta-feira (13) que a votação em plenário da denúncia contra o presidente Michel Temer pode ficar apenas para agosto.

O peemedebista disse que o Palácio do Planalto tem de se resignar com a posição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que só quer colocar em votação a acusação com um quórum de 342 parlamentares em plenário.

"Pode ser agora ou pode ser agosto, quem quer receber a denúncia é quem tem de colocar o quorum", disse o ministro. "Essa é a posição pessoal do Rodrigo Maia e nós temos de nos resignar com a posição dele, já que é ele quem comanda a pauta", acrescentou.

Padilha disse que "possivelmente haverá" mais conversas com Maia, que o governo terá uma "vitória magistral" na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e negou que o arrastamento da votação possa causar desgaste ao presidente.

"Sangrar? Estamos tendo vitórias", disse. "O governo está trabalhando e vai continuar", acrescentou.

Em uma articulação com a base aliada, Temer vinha tentando convencer Maia a votar a denúncia com um quorum de 257 parlamentares, o que viabilizaria a sua apreciação nesta sexta-feira (14).

Sem um acordo, o Palácio do Planalto acredita ter dificuldades para conseguir 342 deputados federais na véspera do início do recesso parlamentar, na terça-feira (18).

A base aliada até cogitou segurar a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), o que impediria o início da folga dos deputados e senadores, mas a avaliação é de que o processo poderia causar desgaste mesmo dentro da base aliada.

Padilha participou de evento de anúncio de repasse de R$ 1,7 bilhão para ações na atenção básica em saúde e renovação e compra da frota de ambulâncias.

Em entrevista à imprensa, o ministro Ricardo Barros (Saúde) reconheceu que, se for necessário, poderá reassumir temporariamente seu mandato parlamentar para votar contra a denúncia.

"Sou um soldado do presidente e é ele quem me nomeia ou me exonera. Sou o PP, que fechou questão contra a denúncia", disse.

Vice-líder do governo, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), também afirmou disse que "é possível" que se adie a votação. Ele atribui o revés à oposição, que, segundo ele, está esvaziando a Casa.

Luiza Franco/Folhapress
O presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), deu início à sessão que vai discutir a denúncia da Procuradoria-Geral da República segundo a qual o presidente Michel Temer cometeu crime de corrupção passiva no exercício do cargo.
O deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) abres sessão na CCJ

"É possível [que a votação aconteça só em agosto]. Não está fechado, mas é possível. A responsabilidade é da oposição. Ela está liberando seus deputados [para irem embora e não votarem em plenário]. A oposição foge do voto", afirmou Perondi.

Integrante da tropa de choque do governo, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse à Folha que o governo ainda está "avaliando", mas que não há uma decisão tomada.

Marun está reunido neste momento com os líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e com o líder do PMDB na Casa, Baleia Rossi (SP), justamente tratando do assunto.

Já era esperado que a oposição não desse quorum na sessão plenária. Caberia ao governo garantir que seus deputados comparecessem para que a votação tivesse início.

A ideia inicial do governo era votar a denúncia em plenário nesta sexta-feira para evitar que o desgaste de Temer se arrastasse ao longo do recesso parlamentar, que começa nesta terça-feira (18).


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