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Não há plano B para o governo, diz Temer a empresários

Eduardo Knapp/Folhapress
O presidente Michel Temer passa pelo prefeito João Doria durante a abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2017, em São Paulo
O presidente Michel Temer passa pelo prefeito João Doria durante a abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2017, em São Paulo

O presidente Michel Temer afirmou a empresários que não há plano B para seu governo e que seria "muito cômodo que assumisse o governo e deixasse ao meu sucessor que levasse as reformas".

Na abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2017, na manhã desta terça (30) em São Paulo, o presidente tentou reforçar que o governo continua comprometido com as reformas propostas, como a trabalhista e a previdenciária, mesmo em meio à crise política que se instaurou desde que foi divulgada sua conversa com Joesley Batista, da JBS.

"O senhores encontram aqui uma economia que se recupera e se moderniza. Encontram um governo determinado a completar reformas que estão abrindo oportunidades a todos", disse.

A fala de Temer foi precedida dos discursos dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB). Ambos fizeram questão de ressaltar o compromisso com as reformas propostas pelo presidente.

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Apoiado nesses discursos, Temer disse que a trajetória de reformas traçada no início do seu governo não será interrompida, sinalizando que tem o apoio dos líderes do Congresso.

"Seguiremos firme em nome da agenda de reformas que não podemos abandonar", afirmou.

Temer também tentou colher frutos de sinais que ele apontou como a recuperação da economia brasileira, com a queda da inflação e dos juros, e também a geração de empregos com carteira assinada em abril.

Desde o início da crise, economistas vem apontando que a economia pode voltar a desacelerar e que a Selic (taxa básica de juros), hoje em 11,25% ao ano, tende a cair de forma mais lenta.

PREVIDÊNCIA

Fora da pauta do Congresso desde o início da atual crise política, a reforma da Previdência foi defendida pelo presidente Temer em seu discurso.

"As regras [atuais] são injustas, concentram renda e aumentam a desigualdade", disse.

Temer rebateu ainda as críticas ao projeto, incluindo aos que reclamavam do tempo de contribuição de 49 anos para benefício integral. No projeto original do governo, trabalhadores precisariam cumprir 65 anos de idade e 25 de contribuição para terem direito à aposentadoria. O benefício integral só seria concedido aos que contribuíssem por 49 anos.

As regras foram consideradas duras por especialistas. O texto foi alterado na Câmara, mas ainda não foi à votação.

"Alardeou-se palavras equivocadas de que precisariam trabalhar 49 anos. Basta ler o projeto que não é verdade."

Ele disse ainda que 66% dos aposentados recebe um salário mínimo. Portanto, não serão afetados pela redução de benefício.

BRASIL NÃO PRECISA DE NOVAS MUDANÇAS NA PRESIDÊNCIA, DIZ MAIA

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o papel da Câmara é garantir a estabilidade do país e que espera que a manutenção do presidente Michel Temer no posto.

Temer está sob pressão desde que foi revelada a gravação feita por Joesley Batista, da JBS, com o presidente, em uma conversa fora da agenda, no Palácio do Jaburu. O áudio faz parte do acordo de delação premiado dos executivos da companhia, maior processadora mundial de proteína animal.

O STF (Supremo Tribunal Federal) abriu inquérito para investigar as acusações contra Temer. Desde então, já foram protocolados 14 pedidos de impeachment contra o presidente. Cabe a Maia decidir acatá-los.

"Eu acho que o Brasil não precisa de novas mudanças na presidência da República. Com o presidente, se garante uma estabilidade muito maior", disse Maia.

Questionado sobre o julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), marcado para a próxima semana e que pode cassar o mandato de Temer, disse não falar por outros poderes.

"Agora, as decisões que outros poderes vão tomar, eu não falo pelos outros poderes. Falo pela Câmara."

AGENDA DO MERCADO

Antes, a investidores, Maia disse que a Câmara está comprometida, assim como o presidente Michel Temer, com a agenda de reformas "do mercado" e afirmou que o papel do Estado é de regulador.

"O Brasil, desde junho do ano passado, passou a construir, de forma conjunta, uma agenda diferente da agenda que foi liderada nos anos anteriores", disse, sem citar a ex-presidente Dilma Rousseff.

Ele defendeu que o Congresso voltará a discutir a reforma da Previdência nas próximas semanas e se disse orgulhos das alterações propostas pelos deputados à reforma trabalhista, que agora está no Senado.

"Sem a reforma da Previdência, não haverá um futuro correto e digno para milhões de brasileiros. Sem a reforma trabalhista não haverá condições para que o setor privado gere milhões de novos empregos no nosso país. É isso que nós precisamos falar", afirmou Maia.

"Tenho certeza que, com a força do governo federal, com a força da Câmara, do Senado, com o apoio da sociedade, teremos todas as condições de, em pouco tempo, ter uma nova legislação trabalhista, um novo sistema de Previdência no Brasil que garanta tranquilidade para que aqueles que queiram investir a longo no prazo no Brasil, possam fazê-lo com muito empenho", disse Maia.

"Reafirmo o meu compromisso com o presidente Michel Temer", acrescentou.


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