Folha de S. Paulo


Coaf erra e multiplica por 100 patrimônio de Cabral

Geraldo Bubniak - 10.dez.2016/Agência O Globo
Ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral é levado à carceragem da PF em Curitiba
Ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral é levado à carceragem da PF em Curitiba

Um erro do Coaf, vinculado ao Ministério da Fazenda, levou a Justiça Federal a informar de forma errada os recursos do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) depositados num fundo de investimento.

O peemedebista tem R$ 385 mil depositados no fundo do Bradesco, e não R$ 38,5 milhões. O erro foi revelado pelo blog do colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo".

O valor consta do relatório do Coaf enviado ao Ministério Público Federal e baseou o novo pedido de bloqueio de bens de Cabral. No fim de novembro, os bancos informaram que ele tinha apenas R$ 454 depositado em conta.

O valor foi transcrito pelos procuradores bem como pelo juiz Marcelo Bretas em sua decisão.

O banco esclareceu ainda à Justiça que o ex-governador tem, atualmente, aplicações em dois fundos, que somam R$ 412 mil.

Na prática, o erro tem pouca influência no andamento do processo. Após a identificação pelo Coaf, a Justiça determina o bloqueio dos bens. A instituição financeira informaria, então, o valor correto depositado no fundo de investimento.

Cabral é acusado de obter propina em obras estaduais, num valor estimado de R$ 224 milhões.

De acordo com o ofício do banco, Cabral tinha R$ 385 mil num dos fundos de investimentos no início de dezembro, quando o Coaf recolheu as informações de movimentação financeiras.

Em nota, o órgão federal afirmou que "trabalha com informações protegidas por sigilo". O MPF não se manifestou sobre o caso.

As informações do Coaf são repassadas pelas instituições financeiras, obrigadas por lei a comunicar determinadas movimentações bancárias. Os relatórios do órgão tem como fonte primária esses dados.

O esclarecimento sobre os depósitos, contudo, não encerrou a polêmica sobre os bens de Cabral.

No fim da tarde, Bretas determinou que a procuradoria esclarecesse porque os recursos depositados nesses dois fundos não foram bloqueados desde novembro, quando a Operação Calicute foi deflagrada e o arresto dos bens, determinado.

O banco afirmou, via assessoria de imprensa, que "cumpriu integralmente o despacho judicial".

Cabral está preso sob acusação de obter propina em obras estaduais, num valor estimado de R$ 224 milhões.

BENS

Os bens listados pelas instituições financeiras até agora não diferem muito do declarado em 2010, quando o peemedebista foi candidato à reeleição no Estado.

Ele afirmou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter R$ 483.094,42 aplicado em instituições financeiras ou em dinheiro vivo.

A ex-primeira-dama Adriana Ancelmo teve bloqueados R$ 10 milhões em suas contas pessoais, além de R$ 1 milhão na conta de seu escritório de advocacia.


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