Folha de S. Paulo


Em balanço do ano, Temer ignora denúncias e quedas de ministros

Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente Michel Temer faz um balanço de seu governo durante pronunciamento à imprensa
O presidente Michel Temer faz um balanço de seu governo durante pronunciamento à imprensa

Em balanço de final de ano, o presidente Michel Temer ignorou nesta quinta-feira (29) as denúncias de irregularidades contra integrantes do governo federal e a queda de seis ministros em pouco mais de sete meses desde que assumiu o Palácio do Planalto.

No pronunciamento, o peemedebista não lembrou, por exemplo, da saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo, após ser acusado de atuar em nome de interesses próprios, ou da delação premiada de um ex-executivo da Odebrecht, na qual é mencionado 43 vezes, e que teve como desfecho a queda do assessor presidencial José Yunes, amigo do presidente.

Na tentativa de impor uma pauta positiva, no esforço de superar a atual crise política, o presidente focou seu discurso feito no Palácio do Planalto em realizações na área econômica, como o envio da reforma previdenciária e a aprovação da proposta do teto de gastos públicos.

Ele anunciou a intenção de promover no ano que vem uma reforma tributária, com a simplificação do sistema atual, e de estimular a reforma política discutida pelo Congresso, que pode incluir o fim das coligações proporcionais e a fixação de cláusula de barreira.

"As reformas que o governo federal havia planejado ao longo do tempo foram feitas em brevíssimo tempo ou foram encaminhadas ao Congresso Nacional pelo menos em brevíssimo tempo. Nós não vamos parar. Este governo há de ser um governo reformista, um governo das reformas", afirmou.

O presidente reconheceu que o aumento do desemprego no país "preocupa enormemente" o governo federal, mas projetou que o patamar de demissões deve começar a cair a partir do segundo semestre do ano que vem.

Nesta quinta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o desemprego chegou a 11,9% no trimestre encerrado em novembro, taxa mais elevada já registrada da série histórica da pesquisa.

"O desemprego é um tema angustiante e não quero nem me iludir nem iludir ninguém que será um tema que começará a ser efetivado, pelas projeções que têm sido feitas pela área econômica, a partir do segundo semestre do ano que vem, quando é muito provável que venha a cair em função das medidas que estamos tomando", afirmou.

O presidente disse também que não acredita que as mudanças trabalhistas, propostas na semana passada, encontrem dificuldades de tramitação. O tema enfrenta resistências entre algumas centrais sindicais, que avaliam que as mudanças precarizam as condições de trabalho.

MINIRREFORMA

O peemedebista evitou falar da minirreforma ministerial que pretende realizar em fevereiro, após a definição do novo presidente da Câmara dos Deputados.

"Vamos esperar o ano que vem", disse o presidente.

Ele avalia fazer trocas na Saúde, Trabalho, Planejamento, Meio Ambiente e Secretaria de Governo.

Além de substituir nomes que possam deixar o governo federal por conta de delações premiadas, a intenção é contemplar com mais espaço partidos da base aliada, no esforço de contornar insatisfações diante da tramitação das reformas previdenciária e trabalhista.

Além de Geddel, deixaram o governo federal desde que Temer assumiu o Palácio do Planalto Marcelo Calero (Cultura), Henrique Alves (Turismo), Fábio Osório (AGU), Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).

Na volta de viagem ao Rio de Janeiro, na segunda-feira (2), o presidente também pretende convocar reunião ministerial para discutir as pautas prioritárias de 2017.

No pronunciamento, como tem feito desde que assumiu o governo federal, Temer agradeceu o Congresso Nacional e defendeu a liberdade de imprensa no país.

No final, ele afirmou que 2017 não será uma prorrogação de 2016 e pediu que as pessoas façam um "pensamento positivo" na noite da virada do ano.


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