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Prefeita de Ribeirão fala sobre operação, mas não explica denúncias

Edson Silva/Folhapress
Prefeita Dárcy Vera, de Ribeirão Preto
Prefeita Dárcy Vera, de Ribeirão Preto

Num pronunciamento de quase cinco minutos na tarde desta sexta-feira (23), a prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), leu um texto sobre as denúncias contra seu governo descobertas pela operação Sevandija, mas não explicou nenhuma delas.

A operação, da PF (Polícia Federal) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público paulista, foi deflagrada no dia 1º e apura um esquema de corrupção cujo montante fraudado pode chegar a R$ 203 milhões na Prefeitura de Ribeirão.

Dizendo-se orientada por sua advogada, Maria Cláudia Seixas, a não conceder entrevistas, a prefeita limitou-se a fazer um pronunciamento em que se disse inocente, mas sem falar de denúncias contra seu governo, como as prisões de três de seus secretários, e o rompimento de um contrato com uma empresa terceirizada com suspeita de ser fraudulento.

A popularidade de Dárcy chegou próxima a zero após a deflagração da operação.

A prefeita foi flagrada em grampos telefônicos que indicam que ela usou a distribuição de cargos no governo, numa triangulação feita com uma empresa suspeita, para comprar apoio político dos vereadores na Câmara, de acordo com a operação.

Entre as poucas frases em relação à investigação, ela disse que não pode se responsabilizar por pessoas que citaram seu nome ou o usaram indevidamente, e relembrou outra investigação, também em seu governo, sobre um esquema de vendas ilegal de casas da Cohab (Companhia Habitacional), em que foi considerada inocente.

Disse não ter casas ou imóveis fora do país, que não tem fazenda e que paga as contas de seu cartão de crédito, em alusão a suspeitas que surgiram ao longo da Sevandija.

Limitou-se a afirmar que os fatos serão esclarecidos e que ela, a população e a Justiça são os mais interessados em buscar respostas. "Não há certeza de nada. Nada ainda foi devidamente comprovado", disse Dárcy.

Nos dias 16 e 20, a prefeita prestou depoimento à Procuradoria Geral de Justiça, mas também não disse o que falou em mais de 12 horas de audiência, na soma dos dois dias.

JUSTIÇA

O Gaeco de Ribeirão Preto enviou na última quarta-feira (21) à Justiça Eleitoral relatórios sobre possíveis crimes cometidos por candidatos a vereador e à prefeitura, descobertos pela operação.

De acordo com a Promotoria, as práticas de possíveis crimes eleitorais foram apontadas a partir de documentos apreendidos e de interceptações telefônicas.

Os três relatórios de compartilhamento de dados enviados foram elaborados pelo Gaeco e pela PF, e apontam desde a contratação de apoiadores para a campanha por meio de uma empresa terceirizada em troca de apoio político na Câmara ao pagamento em dinheiro não declarados, compra de votos e ocultação de patrimônio.

Se condenados, ainda conforme o Gaeco, esses políticos podem ter as candidaturas cassadas ou serem impedidos de tomar posse, caso sejam eleitos.


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