Folha de S. Paulo


Sem incidentes, manifestantes protestam contra Michel Temer no Rio

Apenas uma discussão entre manifestantes marcou o protesto "Fora Temer", na manhã desta quarta (7), no Centro do Rio. O protesto contou com sindicalistas, estudantes, professores e políticos e transcorreu por cerca de duas horas e meia em clima de tranquilidade.

A concentração começou às 11h, meia hora antes do encerramento do desfile militar. Os policiais militares se confundiram e chegaram a liberar o acesso do público e manifestantes na área do desfile, o que causou um certo tumulto e levou o locutor oficial do evento a pedir que as pessoas liberassem a via para o desfile.

Após às 11h40, os manifestantes combinaram com a PM que a passeata sairia em direção contrária à parada militar.

Três eventos foram criados nas redes sociais para a chamar para a manifestação em horários diferentes. O Grito dos Excluídos estava previsto para começar às 11h. Outros atos foram marcados para o mesmo local a partir das 9h, o que confundiu alguns interessados em participar.

Lucas Vettorazzo/Folhapress
Manifestantes concentram no Centro do Rio para protesto do dia 7 de setembro
Manifestantes no Centro do Rio em protesto nesta quarta (7)

O trajeto foi diferente do que tradicionalmente percorrido pelo Grito dos Excluídos. Todos os anos, os manifestantes seguem em direção ao monumento a Zumbi, na avenida presidente Vargas, no sentido zona norte. Dois grupos se uniram no protesto: sindicalistas e partidos de esquerda caminharam ao lado de estudantes e anarquistas. Em comum, gritaram "Fora Temer".

A pauta "diretas já", no entanto, só foi encampada pelos partidos como PSOL, PCB e PCdoB, além das centrais sindicais como CUT e CTB. Anarquistas e adeptos da tática black bloc são contra eleições e pregam a chamada autogestão da sociedade. Havia cerca de 30 jovens de preto no protesto, mas não usavam máscaras.

Durante a concentração na avenida presidente Vargas, três homens com camisas com a inscrição "Bancada Militar" provocaram manifestantes. Houve bate boca e um ativista, o vendedor ambulante conhecido como Pablo, que se veste do personagem Homem Aranha e protesta empunhando um pênis de plástico, chegou a trocar agressões físicas com um dos homens do trio. Policiais do Batalhão de Choque intervieram e retiraram os brigões da manifestação.

A PM do Rio não faz estimativa. Organizadores chegaram a dizer à reportagem que 10 mil participaram do ato, número que pareceu acima do que a reportagem da Folha pôde observar durante o ato.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) participou do Grito dos Excluídos no Rio. Ele disse que os movimentos de protesto tendem a crescer, principalmente em função da agenda econômica de reformas trabalhistas e da previdência do governo de Michel Temer. Manifestantes preveem uma greve geral no país, no fim do mês.

"Eles não calcularam bem a oposição que haverá contra a retirada de direitos do trabalhador", disse o senador.

Os candidatos à Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo (PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB), também participaram do ato.

Na chegada à Praça Mauá, na zona portuária, onde fica o Museu do Amanhã, houve uma divisão dos manifestantes. Puxando a caminhada estiveram anarquistas e movimentos de extrema esquerda. Mais atrás, sindicalistas e militantes de partidos. O local chamado de Boulevard Olímpico estava repleto de turistas neste feriado da Independência.

Manifestantes pediam a liberdade de Rafael Braga Vieira, catador de latinhas preso em uma manifestação no Rio em 2013. Ele foi o primeiro condenado das manifestações. Sindicalistas e militantes decidiram ocupar por cerca de meia hora a Praça Mauá. Aos gritos de Fora Temer, eles se posicionaram no centro da praça e em frente ao museu do Amanhã.

Não houve tumulto ou discussões com os turistas ou visitantes.

Depois de 30 minutos, os grupos se dispersaram se qualquer confusão.

Lucas Vettorazzo/Folhapress
Manifestantes pedem liberdade a Rafael Braga, catador das latinhas preso em manifestação no Rio em 2013
Manifestantes pedem liberdade a Rafael Braga, catador das latinhas preso em manifestação no Rio em 2013

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