Embora diga não ter lido o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) que pede a cassação de seu mandato e acuse o colega de querer "holofotes", o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou na noite desta quarta (1º) que vai recorrer caso a maioria do Conselho de Ética vote para que ele perca o cargo.
"Faz três dias que está anunciando assim. É absurdo e eivado de nulidades que iremos contestar e que espero ver derrotado no Conselho. Caso contrário, recorrerei à CCJ e espero obter decisão favorável", respondeu o peemedebista à questionamento da Folha sobre sua impressão a respeito do relatório de Rogério.
O relator do processo de cassação apresentou nesta quarta, em reunião do Conselho, parecer pela perda de mandato de Cunha. Em seu parecer, ele argumenta, em longa explanação, que o colega mentiu quando afirmou, à CPI da Petrobras no ano passado, não ter contas no exterior.
"O relator fez a sua pirotecnia, buscando os cinco minutos de holofote", disse Cunha.
| Pedro Ladeira/Folhapress | ||
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| O deputado Marcos Rogério durante a leitura de seu relatório sobre cassação de Cunha |
O peemedebista voltou a negar ter mentido à CPI. "Não sou titular de conta no exterior e isso, na nossa visão, ficou comprovado na instrução do processo no Conselho. Logo, confio na absolvição, seja no Conselho, seja no plenário", completa.
A posição de Cunha é contrária ao que destacou Marcos Rogério em seu relatório. Ao longo de 86 páginas, o relator descreveu as contas de Cunha no exterior. Mencionou contradições, discorreu sobre depoimentos, mencionou legislações, jurisprudências e concluiu que não há outro caminho senão a punição pela cassação.
O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, teve direito a 30 minutos de fala, antes da leitura do voto do relator. Voltou a criticar o instituto da delação premiada e afirmou, assim como seu cliente, que não há provas materiais da vinculação do peemedebista com as contas atribuídas a ele e a familiares na Suíça.
Ao final, Nobre criticou o relatório de Marcos Rogério, que no fim da leitura, chegou a se emocionar, destacou a dificuldade de proferir um voto pela cassação de um colega.