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Relator diz que, agora, impeachment é disputa de poder entre Dilma e Temer

Alan Marques/Folhapress
Jovair Arantes (PTB-GO), relator do processo de impeachment, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no plenário da Casa (DF)
Jovair Arantes (PTB-GO), relator do processo de impeachment, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no plenário da Casa (DF)

O relator do processo de impeachment, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), afirmou na manhã deste sábado (16) reconhecer que as acusações de crime de responsabilidade contra Dilma Rousseff estão em segundo plano nesse momento e que o processo, agora, se resume a uma disputa de poder entre a petista e o vice-presidente, Michel Temer (PMDB).

Jovair, que é a favor do impeachment e está no grupo de Temer, afirmou que o vice errou ao ter ido na sexta para São Paulo, onde pretendia ficar até segunda. Com a mudança de alguns votos a favor de Dilma, Temer resolveu voltar para a capital federal na manhã deste sábado.

"O erro dele foi ter ido para São Paulo, deveria ter ficado. Claro que numa disputa de poder tem que ser feito isso, a presença dele é importante", afirmou Jovair. "Você tem alguma dúvida disso", completou, diante da pergunta sobre se considera a votação deste domingo uma "disputa de poder".

Aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é adversário do governo, Jovair diz ser republicana a ação do vice em cabalar votos contra a presidente. Em seu relatório, o petebista disse haver fortes indícios de crime de responsabilidade de Dilma no manejo orçamentário.

CERCO AO VICE

O PT manteve a ofensiva contra Temer na manhã deste sábado, no decorrer da sessão de discussão do impeachment.

Espécie de coordenador jurídico da bancada do PT, Wadih Damous (RJ) chamou Temer de "traidor", "desleal", e disse que ele não terá sossego caso assuma o poder. "Ele não terá um minuto de governabilidade."

Carlos Zarattini (PT-SP), afirma que o impeachment virou uma eleição indireta, com a montagem de comitê eleitoral no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice.

Os debates do impeachment no plenário da Câmara começaram às 8h55 de sexta (15), entraram na madrugada e manhã deste sábado e ainda não têm hora para terminar.

Às 11h40 deste sábado falavam na tribuna os deputados do PSOL, o 18º dos 25 partidos a discutir o tema. Cada partido tem uma hora para falar. O início da votação está previsto para as 14h deste domingo.

"Esse impeachment é uma farsa, um engodo, uma tragicomédia. uma pedalada jurídico-legislativa, politiqueira", discursou Chico Alencar (PSOL-RJ), que é de oposição. mas é contrário ao impeachment.


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