Folha de S. Paulo


Por impeachment, Cunha vai pressionar Gim a fazer delação

Diego Padgurschi/Folhapress
Gim Argello é preso na Operação Lava Jato
O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) é preso na Operação Lava Jato

Em mais uma estratégia contra o governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e aliados pretendem pressionar o ex-senador Gim Argello (PTB-DF), principal alvo da 28ª fase da Operação Lava Jato deflagrada na manhã desta terça-feira (12), a aceitar um acordo de delação premiada.

O ex-senador foi vice-presidente da CPI da Petrobras que aconteceu no Congresso em 2014. Em tratativas que ocorreram de maio a julho de 2014 com empreiteiros da UTC e OAS, Gim teria acertado a não convocação desses executivos à comissão de inquérito.

As conversas sobre a tentativa de convencimento do ex-parlamentar ocorreram na casa de Cunha essa manhã e seguiram até a hora do almoço, em seu gabinete na Câmara. A ideia do grupo é fazer chegar a Gim o recado de que "a prisão preventiva pode não ser apenas preventiva" e que ele "deveria entregar logo quem comandou a negociação na CPI".

Eles acreditam que o depoimento do político, preso preventivamente sob suspeita de atuar para barrar investigações na CPI da Petrobras, em 2014, pode impulsionar um aumento do movimento pró-impeachment.

Por meio de nota (leia a íntegra abaixo), a assessoria de Cunha nega a articulação e diz que a "reportagem tece um enredo fantasioso".

No domingo (17), o processo deve ser votado na Câmara dos Deputados. O grupo de Cunha contabiliza pelo menos 340 votos a favor do afastamento da presidente do cargo. Não acreditam que haja tempo hábil para um acordo de delação de hoje até lá.

Trabalham, contudo, com o cenário no qual a delação de Gim chegue a tempo da votação da admissibilidade do impeachment pelo Senado. Embora as contabilidades de grupos favoráveis à saída de Dilma já mostrem um possível isolamento do PT e do PC do B caso o processo seja aprovado na Câmara, há um temor de que o governo consiga, até a data prevista para a votação no Senado, no fim de maio, dar a volta por cima. O depoimento do ex-senador viria barrar isso.

Investigadores da Lava Jato apontam que Argello indicou a conta corrente da Paróquia São Pedro de Taguatinga, no Distrito Federal, para receber parte da propina da OAS. Foram pagos, de acordo com o Ministério Público, R$ 350 mil. A coligação de Gim na campanha também teria recebido R$ 5 milhões por meio de doações oficiais da UTC.

Nota da assessoria de Cunha

É com perplexidade que tomamos conhecimento da matéria intitulada "Por impeachment, Cunha vai pressionar Gim a fazer delação", publicada na edição on-line da Folha de S. Paulo, às 17.45, desta terça-feira, 12/04/2016.

A reportagem tece um enredo fantasioso, não cita fontes e nem apresenta documentos que comprovem os supostos fatos relatados.

Além de publicar, irresponsavelmente, uma história que carece de uma séria apuração jornalística, sequer procurou ouvir a presidência da Câmara dos Deputados. A falta do contraditório, por si só, já explicita a fragilidade, a inconsistência e o mau jornalismo praticado.

Solicitamos a imediata publicação desta nota e lembramos que ao ignorar o "outro lado" a Folha de S. Paulo se expõe à pedido de reparação ou direito de resposta por via judicial.


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