Folha de S. Paulo


Favorável ao impeachment, líder do PR na Câmara entrega cargo

Janine Moraes - 14.jul.2010/Agência Câmara
O deputado federal Maurício Quintella Lessa (PR-AL) em sessão na Câmara dos Deputados
O deputado federal Maurício Quintella Lessa (PR-AL) em sessão na Câmara dos Deputados

Favorável ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), o deputado Maurício Quintela Lessa (PR-AL) entregou no fim da tarde desta segunda-feira (11) a liderança do partido na Câmara, cargo que ocupava desde o início do segundo mandato da petista.

A Executiva Nacional do PR é contrária à saída de Dilma, mas a maioria dos 40 deputados do partido na Câmara, a quinta maior bancada da Casa, é favorável ao impeachment.

A falta de consenso entre as partes foi a justificativa de Lessa para deixar o cargo. "Não consegui consenso com a executiva. Não tenho como liderar a minha bancada para uma posição que todos entendem ser a pior para o Brasil".

Os deputados da sigla estão liberados para votar como quiserem, mas Maurício Quintela calcula que, dos 40, entre 25 e 30 votos devem ser pelo impeachment no próximo domingo, dia 17 de abril, quando está prevista a votação no plenário.

"Não só tenho absoluta certeza de que houve o crime de responsabilidade, como, do ponto de vista político, achamos que o governo da presidente Dilma não tem a menor condição de tirar o país da crise que se encontra hoje. Achamos que com o governo novo, o país terá pelo menos a esperança de dias melhores, credibilidade, oportunidades de voltar a crescer", justificou Lessa sua posição.

O ex-líder anunciou ainda que vai entregar os cargos de sua indicação –um no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em Brasília e outro em Alagoas.

O PR estava entre as apostas do governo para segurar o impeachment de Dilma. As tratativas estavam sendo feitas pelo ministro do partido, Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), e pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), condenado no mensalão, mas com forte influência no partido.

O nome do próprio Quintela chegou a circular entre os cogitados para ocupar o ministério de Minas e Energia, no lugar de Eduardo Braga (PMDB), que deixará a pasta após a decisão de seu partido de desembarcar do governo.

O deputado negou no mesmo dia, em suas redes sociais. "Não houve sequer abordagens sobre isso e, mesmo que houvesse, sou contra qualquer membro do meu partido ocupar cargo no governo nesse momento. Lógico que, caso a presidente Dilma passe pelo impeachment, ela vai precisar recompor a sua base, mas agora não é a hora", encerrou o parlamentar.

Também nesta segunda, o PSB anunciou publicamente sua posição favorável ao impeachment. O partido se reuniu esta manhã em Brasília e divulgou nota a favor da saída da petista do cargo.


Endereço da página:

Links no texto: