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Mirian Dutra diz à PF que recebia de FHC apenas por depósitos bancários

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
São Paulo, SP, Brasil. 16.03.2016. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante palestra dirigida ao mercado de seguro, no bairro de Moema, na zona sul da cidade. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress - Poder) ***EXCLUSIVO***
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante palestra dirigida ao mercado de seguro

A jornalista Mirian Dutra, que foi amante do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, disse em depoimento à Polícia Federal que ele apenas pagava os estudos do filho dela, Tomas Dutra Schmidt, por meio de depósitos diretos em conta bancária e sugeriu que não foi beneficiada por repasses da empresa Brasif.

Nota divulgada pelos advogados dela nesta sexta-feira (8) sobre o depoimento, prestado na quinta, não faz nenhuma referência ao uso da Brasif para pagamentos no exterior e afirma que ela trabalhava na Globo "com exclusividade". Mirian vive na Europa desde 1992.

Em entrevista à Folha em fevereiro, a jornalista havia dito que o ex-presidente mandava dinheiro para ela no exterior por meio da empresa e que, na época, um contrato fictício de trabalho foi firmado. Ela disse na ocasião que nunca "pisou" em uma loja para trabalhar –a Brasif operava free shops em aeroportos.

O comunicado desta sexta afirma que os pagamentos de Fernando Henrique foram realizados para custear os estudos de Tomás. Primeiro, os depósitos eram feitos direto na conta de Mirian, diz o texto. Atualmente, o destino é a conta bancária do próprio Tomas.

Procurado pela reportagem, o advogado dela José Diogo Bastos disse que só iria se manifestar por meio da nota.

"O custeio dos estudos do filho Tomas foi pago integralmente pelo pai desde o ingresso na escola até os presentes dias, nos quais cursa mestrado", diz o texto.

A nota também afirma que Mirian foi funcionária da Globo por 30 anos, até dezembro passado, e vivia de seu próprio salário.

Fernando Henrique teve um relacionamento com a repórter nos anos 1980 e 1990. Em 2009, ele decidiu reconhecer a paternidade de Tomás. O ex-presidente critica a "exploração pública" do caso.

Após a entrevista de fevereiro, a Polícia Federal abriu investigação sobre a hipótese de evasão de divisas.


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