Folha de S. Paulo


Após sessão do STF, líderes de partidos pedem afastamento de Cunha

Pouco mais de uma hora depois de maioria no Supremo Tribunal Federal votar para tornar réu o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cinco partidos, a maioria deles representada por seus líderes, pediram na tribuna o afastamento do peemedebista do comando da Casa.

Em nome da liderança do PT, o deputado Henrique Fontana (RS) falou em limites ultrapassados e "inimagináveis". O PT não havia declarado abertamente uma posição contrária ao presidente da Casa na tentativa de preservar a presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment

"Temos hoje um parlamento presidido por alguém que tem como característica a amoralidade. Estamos na tribuna para, em nome da bancada do PT, pedir o imediato afastamento de Cunha da Presidência da Casa. Estamos hoje sendo presididos por um dos políticos mais corruptos da história do Brasil", afirmou o petista.

O deputado criticou posturas do peemedebista, como a demora em instalar as comissões permanentes e o fato de ter acatado o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. "Pelo bem do Brasil. Levante dessa cadeira. O papel que ele tem desempenhado é simplesmente usar a presidência em seu próprio beneficio para encaminhar manobras a favor de sua própria defesa".

O PSOL liderou o movimento, logo após o encerramento da sessão do STF desta quarta-feira (2), que deu início ao julgamento da denúncia contra Cunha oferecida pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro. Foi seguido pela Rede, que teve como porta-voz o líder, Alessandro Molon (RJ).

O primeiro dia de julgamento encerrou com a manifestação favorável de seis ministros pela abertura de ação penal contra o deputado.

Sem combinar com os demais, o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), também foi à tribuna. Seu partido se manteve na base de sustentação de Cunha ao longo de quase todo o ano passado, afastando-se somente com o início da tramitação do processo contra o peemedebista no Conselho de Ética.

Para o deputado, o parlamento vive um "grave constrangimento". "Chegou no limite. Não resta outra alternativa senão o afastamento do presidente, em benefício da democracia, da recuperação da nossa economia. Afirmo e solicito de maneira clara que ele renuncie. Será um gesto de grande importância para a nação".

Com posição já conhecida e que vem reafirmando desde o ano passado, o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), se disse constrangido em precisar pedir novamente que Cunha deixe o cargo. "É muito mais constrangedor ter que vir à tribuna e ter que falar isso ao presidente da Câmara, que vira as costas e não olha no olho".

O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM) afirmou que não se manifestaria nesta quarta (2). Questionado, disse que prefere primeiro se reunir com a bancada e firmar uma posição antes de se manifestar em nome da liderança.

Embora Cunha mantenha o discurso de que o julgamento do Supremo e a condição de réu não retira sua condição de presidir a Câmara, os partidos já deixaram claro que cobrarão cada dia mais o seu afastamento.


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