Folha de S. Paulo


'Não me sinto derrotado', diz Cunha após eleição de aliado do Planalto

Fernando Bizerra Jr/Efe
BRA500. BRASILIA (BRASIL), 17/02/2016.- El diputado Leonardo Picciani, candidato a jefe de PMDB, asiste a una votación en la sede de la Cámara de Diputados en Brasilia hoy, miércoles 17 de febrero de 2016. El Partido del Movimiento Democrático Brasileño elige hoy a su nuevo jefe en la Cámara Baja, en unas votaciones internas que pueden ser decisivas para el trámite de un posible juicio político contra la mandataria Dilma Rousseff. EFE/Fernando Bizerra Jr ORG XMIT: BRA500
Leonardo Picciani, eleito líder do PMDB na Câmara nesta quarta (17)

Colecionador de vitórias sobre o governo em votações na Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ), não aceitou falar em derrotas, nesta quarta (17), após a eleição do aliado do Planalto Leonardo Picciani para a liderança do PMDB, por uma diferença de sete votos sobre seu candidato, Hugo Motta (PB).

"Não me sinto derrotado. Se sente derrotado quando quem disputa a eleição somos nós", disse.

"O que se cristalizou nessas últimas horas, é querer criar esse clima de que é uma candidatura de A contra B, quando Hugo Motta é até mais defensor do governo que o próprio Picciani, porque ele votou na Dilma e sempre com o governo aqui. Ele era uma proposta para a bancada ser administrada de outra forma", argumentou Cunha.

O peemedebista foi mais que apoiador da candidatura de Motta, mas um idealizador dela. A ideia de lançar o deputado surgiu quando ainda havia mais um parlamentar na disputa, Leonardo Quintão (MG), que acabou desistindo de concorrer. A ideia de Cunha era encontrar alguém sem conflitos com a maior parte da bancada, com ideias pouco polêmicas, que pudesse juntar muitos votos. Encontrou isso em Motta.

Questionado se considerou o placar de 37 a 30 uma traição, Cunha também negou. Contudo, surpreendeu ao admitir um equívoco de avaliação, o que, pelo histórico do peemedebista, acontece raramente. "O placar obviamente era vitória do Hugo Motta, então consequentemente, eu errei o prognóstico"

Embora também negue que a derrota desta quarta mostra uma fragilidade de sua influência sobre a bancada do PMDB, a avaliação de aliados e adversários é, desde sempre, que o resultado de hoje era fundamental politicamente como demonstração de que o presidente da Casa ainda mantém força suficiente na Câmara para derrotar o governo e resistir no cargo.

"Nunca estive, nem estou isolado na bancada. Grande parte das pessoas que votaram em Picciani, não quer dizer que são contra mim. Se fosse eu o candidato, ai sim poderia dizer que tive menos votos".

Para Cunha, a disputa também não impacta das discussões sobre o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Uma das polêmicas no PMDB girou em torno das indicações que Picciani fez para a comissão especial que deve julgar o impeachment de Dilma na Câmara. Na ocasião, em dezembro, o líder impôs nomes alinhados com o Palácio do Planalto, o que desagradou boa parte da bancada.

A reação veio em seguida, com uma lista que, assinada por mais da metade dos deputados do partido, tirou Picciani por uma semana da liderança. Com o mesmo procedimento de lista, ele retornou ao cargo antes do ano acabar.

"O próprio Picciani já havia dito que se arrependeu da eleição da comissão que havia feito daquele jeito e que faria uma indicação com representação das correntes, com apoio de todos", disse Cunha.


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