Folha de S. Paulo


Delcídio quer ter acesso a provas antes de novo depoimento

A defesa do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) não vai concordar com um eventual novo depoimento do parlamentar antes que ele tenha acesso à íntegra da investigação que o levou à prisão na semana passada.

Um dia após ser preso, Delcídio prestou na última quinta-feira (26) depoimento a dois procuradores da República e a um delegado da Polícia Federal. O depoimento, que durou cerca de quatro horas, foi encerrado sem que o senador abordasse diversos pontos da investigação, como o conteúdo de material apreendido no dia 25 em seu gabinete. Assim, havia a expectativa de que ele voltasse a falar aos investigadores nos dias seguintes, possivelmente o início desta semana.

Pedro Ladeira/Folhapress
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) que foi preso pela Polícia Federal, em Brasília (DF), na manhã desta quarta-feira
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) que foi preso pela Polícia Federal, em Brasília (DF), na manhã de quarta-feira (25)

Porém, o cenário mudou desde o último final de semana. O advogado do senador, Maurício Silva Leite, disse à Folha que seria improdutivo o senador se manifestar nos autos sem saber dos detalhes da investigação. O defensor deve pedir nas próximas horas ao STF (Supremo Tribunal Federal), em petição, acesso a todas as provas.

Além do inquérito que trata da eventual obstrução à Justiça, motivo da prisão decretada pelo STF, a defesa do parlamentar quer acesso a dois outros procedimentos cautelares que embasaram os pedidos de prisão do assessor do senador, Diogo Ferreira, e do banqueiro do BTG Pactual André Esteves, que tramitam de forma separada.

VISITAS

O senador recebeu nesta terça-feira (1) as primeiras visitas de parlamentares, todos do Estado que representa no Senado, Mato Grosso do Sul: o ex-governador Zeca do PT e os deputados federais Vander Loubet e Antônio Carlos Biffi, do PT, e Dagoberto Filho (PDT).

Delcídio, que está preso em uma sala na Superintendência da PF no Distrito Federal, pode receber visitas —desde que autorizadas previamente por ele— de segunda a sexta-feira das 15h às 16h. Os seus advogados podem ter acesso ao cliente ao longo de todo o expediente da PF, das 8h às 18h, com exceção do horário do almoço dos policiais do plantão.

Além de Delcídio, está preso na superintendência seu assessor parlamentar Diogo Ferreira. O banqueiro André Esteves e o advogado Edson Ribeiro estão presos no Rio de Janeiro. Eles estão presos sob a suspeita de obstrução à Justiça ao tentarem interferir na delação premiada do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. A prisão foi pedida pela PGR (Procuradoria Geral da República) e autorizada pelo STF. A de Delcídio foi confirmada em plenário pelo Senado.


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