Folha de S. Paulo


Palocci vai pedir anulação das delações premiadas de doleiro e de lobista

Edson Silva - 26.out.14/Folhapress
RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL, 26-10-2014: O ex-prefeito e ex-Ministro Antonio Palocci após votação no colégio Otoniel Mota, em Ribeirão Preto. ( Foto: Edson Silva/Folhapress) ***REGIONAIS***EXCLUSIVO***
O ex-ministro Antonio Palocci em Ribeirão Preto (SP)

O advogado de Antonio Palocci, José Roberto Batochio, disse que vai ingressar na Justiça com um pedido de anulação dos acordos de delação premiada do doleiro Alberto Youssef e do lobista Fernando Soares, o Baiano.

Segundo Batochio, ambos faltaram com a verdade ao afirmar que ajudaram a providenciar uma doação ilegal de R$ 2 milhões para a campanha do PT de 2010, da qual Palocci foi um dos coordenadores.

A versão de Baiano relatada aos procuradores diz que ele foi a Brasília com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para se encontrar com Palocci para acertar a doação durante uma reunião.

Costa, no entanto, afirma que esse encontro jamais ocorreu. De acordo com o executivo, ele e Palocci só se encontraram em reuniões do conselho da Petrobras, do qual ambos faziam parte. Costa foi diretor de Abastecimento da estatal de 2004 a 2012.

Os acordos de delação preveem a anulação ou redução de benefícios do delator em caso de mentira.

"Eles não podem enganar a Justiça", diz Batochio. "Temos elementos concretos que indicam a invencionice dessa história da doação dos R$ 2 milhões", afirma.

Entre outros elementos que podem caracterizar que foi "uma delação à la carte", como diz Batochio, ele cita os fatos de que Baiano não lembra da casa em que teria se reunido com Palocci nem o hotel que se hospedou em Brasília. Há ainda a negativa de Costa de que a reunião tenha ocorrido.

Costa diz que jamais viajou com Baiano para Brasília nem para qualquer outra cidade.

Outro indício de "invencionice", diz Batochio, foi o anúncio feito por Youssef na CPI da Petrobras de que outro delator iria esclarecer a doação dos R$ 2 milhões ao PT.

Segundo o depoimento de Baiano aos procuradores, Costa teria ido até Brasília com ele porque precisava do apoio do PT para continuar na diretoria de Abastecimento em 2010, quando o então presidente, Lula (PT), deixaria o cargo, e havia a perspectiva de Dilma Rousseff (PT) assumir a presidência, como acabou ocorrendo. Tanto Dilma quanto Graça Foster, presidente da Petrobras à época, tinham restrições ao trabalho de Costa por causa da má reputação dele na companhia.

A defesa de Baiano não quis se pronunciar.

A Folha não conseguiu contato com o advogado de Youssef. Em outras ocasiões, a defesa do doleiro disse que ele fez a delação mais robusta da Lava Jato e entregou as provas mais contundentes até agora.


Endereço da página:

Links no texto: